Título: BIS discute crise nos EUA e alta da inflação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2008, Economia, p. B3

Dirigentes de bancos centrais do mundo todo se reúnem na Suíça

Os principais presidentes de bancos centrais do mundo analisam hoje, em uma reunião na Basiléia, Suíça, a desaceleração econômica global e a disparada da inflação na maioria dos países, em decorrência do encarecimento de matérias-primas como o petróleo. O encontro ocorrerá na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

Os dois movimentos simultâneos - preços em elevação e atividade em desaceleração - têm levado grandes dificuldades aos condutores de política monetária. Talvez a tarefa mais difícil do momento seja a do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que enfrenta simultaneamente uma desaceleração econômica que ameaça virar recessão e uma alta dos índices de preços.

Na semana passada, o Fed, dirigido por Ben Bernanke, decidiu manter a taxa básica de juros do país em 2% ao ano. Foi a primeira vez desde setembro do ano passado que o BC americano não reduziu o juro.

Nesta quinta-feira, é a vez de os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) se reunirem para decidir se mexem na taxa básica de zona do euro, atualmente em 4% ao ano. O presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, indicou na semana passada que pode haver um aumento para conter a subida da inflação.

O BIS deve apresentar conclusões sobre suas deliberações recentes e seu 78º informe anual, correspondente ao exercício fiscal encerrado no dia 31 de março. A expectativa é de que a assembléia reúna 55 presidentes de bancos centrais ou seus representantes.

Um dos grandes desafios por que passa a economia global decorre da alta dos preços do petróleo. Na sexta-feira, o barril no mercado futuro nova-iorquino atingiu novo recorde, cotado por US$ 140,21. Durante a sessão, porém, a cotação chegou a US$ 142,99. Segundo alguns analistas, o barril pode chegar a US$ 200 ainda neste ano.

Outro desafio diz respeito à crise de crédito que derivou dos problemas no setor de hipotecas de alto risco (subprime) dos Estados Unidos. Diversos bancos, como o americano Citigroup e o suíço UBS, tiveram grandes perdas. Para compensá-las, reduziram o volume de empréstimos, o que desacelerou a atividade econômica, sobretudo nos EUA.

Apesar disso, no primeiro trimestre, a maior economia do mundo cresceu 1%, acima do esperado pelos analistas. AGÊNCIAS INTERNACIONAIS