Título: Amorim pede maior abertura do mercado da Argélia
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2008, Economia, p. B5

Foi com os argelinos que o Brasil teve o 3.º maior déficit comercial em 2007

O governo brasileiro quer que Argélia reabra o mercado para a carne brasileira e compre aviões da Embraer. O assunto foi discutido ontem entre o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, e o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim.

Também há interesse da Petrobrás em aprofundar a cooperação com a Sonatrach, estatal argelina de petróleo, nas áreas de fornecimento de Gás Natural Liquefeito (GNL) e parceria offshore.

Em visita ao país africano, o chanceler Amorim defendeu uma ¿parceria renovada¿ entre o Brasil e a Argélia, com forte cooperação bilateral nas áreas de desenvolvimento industrial e produção agrícola.

Atrás apenas da Nigéria e da China, a Argélia foi o terceiro país, em 2007, com o qual o Brasil teve maior déficit comercial. Desde o começo do governo Bouteflika, em 1999, o déficit comercial acumulado é de US$ 13 bilhões.

O déficit comercial do Brasil com a Argélia é decorrente das compras de petróleo e gás natural. A Argélia tem a sétima maior reserva de gás natural do mundo e é o 14º país com maiores reservas de petróleo.

Segundo o Itamaraty, o chanceler brasileiro disse ao presidente Bouteflika que é ¿muito importante que a Argélia compre mais produtos do Brasil¿.

Amorim disse ao presidente argelino que a reabertura do mercado argelino para a carne brasileira, que sofre embargo desde 2005, e a compra de aviões da Embraer são duas medidas concretas que poderiam levar a resultados imediatos para essa renovação.

O Itamaraty informou que há interesse preliminar de uma empresa aérea (Tassili), ligada à estatal Sonatrach, e do próprio Ministério da Defesa em adquirir os aviões brasileiros.

O Brasil espera que o Mercosul e a Argélia fechem um acordo para a concessão de preferências tarifárias fixas, que possa abrir caminho para um acordo de livre comércio. No encontro com Bouteflika, Amorim também discutiu o interesse do Brasil em projetos de construção civil.

Também há interesse recíproco em cooperar na área militar e de vigilância do território: os dois países têm vastas extensões escassamente povoadas, fronteiras distantes e porosas, e ameaças de ação de grupos ilegais.