Título: Zuleido tem US$ 9,5 mi na Suíça, revela PF
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2008, Nacional, p. A7

Valores, depositados em conta no Credit Suisse, estão congelados

O Banco Credit Suisse, investigado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e evasão fiscal, tinha entre seus principais clientes o empresário Zuleido Veras. O empreiteiro usou a instituição financeira para mandar dinheiro para o exterior e chegou a ter um saldo de pelo menos US$ 9,5 milhões em uma de suas contas secretas, em Zurique.

Os documentos que indicam essas transferências foram apreendidos pela PF durante a Operação Suíça, que investiga o Credit Suisse exatamente por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e por trabalhar como instituição financeira não autorizada no Brasil.

Zuleido, dono da empresa Gautama, foi apontado pela PF, na Operação Navalha (em 2007), como o chefe de uma quadrilha que operava em vários Estados, fraudando licitações e praticando irregularidades com verbas públicas. Já o Credit Suisse é alvo de uma investigação ampla por parte do Ministério Público Federal (leia nota do banco nesta página). Procurados, os advogados do empresário não foram encontrados e não retornaram recados da reportagem.

Agora, as investigações apontam para atividades entre o Credit Suisse e Zuleido, que teria transferido dinheiro por meio de doleiros e com o sinal verde do banco.

Os documentos obtidos pelo Estado fazem parte do processo sigiloso que corre na Justiça Federal e, em um deles, seu saldo chega a US$ 9,5 milhões no Credit Suisse, em 2000.

A conta era apenas uma das administradas pelo banco suíço em nome de seu cliente brasileiro. O temor de que fosse usada para transferir recursos desde que Zuleido foi preso, na Operação Navalha, exigiu que o Ministério Público pedisse que os suíços congelassem as contas.

A Polícia Federal investiga o fato de Zuleido ter sido atendido por um representante do Credit Suisse Representações Ltda., que não tem ligação com a operação brasileira do banco. O funcionário é identificado pela sigla ¿SWLB120¿. Os intermediários da instituição financeira, segundo a PF, eram os doleiros David Levy e Moise Khafif.

Em um dos documentos obtidos pelo Estado, aparecem duas contas ligadas ao empresário. Uma delas é chamada de Cacimba, com o número de cota de 152.991. A outra é a Amatuag (Gautama ao contrário), número 6.910.873. É nessa última que estava o saldo de US$ 9,5 milhões.

Em outro documento, o sistema de dados do Credit Suisse revela o perfil de Zuleido. Os papéis foram impressos quando foi cumprido o mandado de busca e apreensão no escritório do Credit Suisse em São Paulo, em 2006, pela Operação Suíça.

As audiências resultantes dessa operação da PF estão marcadas para julho. Grande parte dos funcionários do Credit Suisse que seriam investigados, porém, já foram afastados do banco e transferidos para fora do Brasil.

POLÍTICOS

Em sua edição desta semana, a revista Veja divulgou documentos que associam o nome da senadora Roseana Sarney (PMDB) a Zuleido. Roseana teria recebido do empresário R$ 200 mil durante sua campanha ao governo do Maranhão, em 2006. A senadora refutou ligações com o empresário e negou ter obtido ajuda financeira.

Na lista de políticos que teriam algum tipo de envolvimento com Zuleido, segundo as investigações da PF, estão o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e os dos governadores Jackson Lago (PDT-MA) e Teotônio Villela Filho (PSDB-AL). Eles negam envolvimento nas fraudes em licitações. Rondeau saiu do cargo em razão das suspeitas no esquema.

NOTA

¿O Credit Suisse refuta veementemente quaisquer alegações de possível envolvimento do banco em esquemas ilegais ou atividades de lavagem de dinheiro em relação às operações de seus Escritórios de Representação. Os Escritórios de Representação do Credit Suisse no Brasil atuam em plena conformidade com a licença concedida ao Banco pelas autoridades brasileiras.¿