Título: BC eleva projeção de inflação a 6%
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2008, Economia, p. B1

O Banco Central (BC) elevou ontem a sua projeção de inflação para 6% este ano e não deixou dúvida de que, para manter os preços sob controle, continuará aumentando a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses. ¿Faremos o que for necessário, enquanto for necessário, para manter a inflação alinhada à trajetória de metas¿, disse o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, ao divulgar o Relatório de Inflação referente ao segundo trimestre, com as novas previsões para 2008. ¿É importante que a população saiba disso.¿

O centro da meta de inflação para este ano é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 2 pontos porcentuais para baixo e para cima. Ao divulgar o primeiro relatório de inflação de 2008, em março, a projeção do BC para a subida dos preços era de 4,6%. Hoje, segundo o cenário de referência do BC, há 25% de chances de que a inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), supere o teto da meta, que é de 6,5%. Em março, a chance de que isso acontecesse era de 4%.

Todas as projeções do BC pioraram, se comparadas com o documento anterior. A previsão de inflação para 2009 passou de 4,4% para 4,8% e para 2010, de 4,3% para 4,7%. Mantidas as condições atuais da economia e a Selic em 12,25%, Lula terminaria o seu governo com inflação acima do centro da meta e com juro em elevação. ¿Os cenários mudam e a trajetória da taxa de juros no próximos anos vai depender da avaliação do Copom (Comitê de Política Monetária do BC)¿, advertiu Mesquita.

O cenário de referência do BC para este ano, que projeta inflação de 6%, foi montado com a perspectiva de que a taxa Selic seja mantida em 12,25% e não haverá aumento da gasolina e dos demais derivados do petróleo. Mas o próprio BC advertiu, no texto do relatório do segundo trimestre, de que há riscos de que a elevação internacional dos preços do petróleo termine sendo transmitida para os preços internos.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não havia descompasso entre a oferta e demanda no Brasil e a inflação decorre de pressões externas. Ontem, Mesquita admitiu a pressão internacional, mas disse que a alta interna da inflação resulta do fato de a demanda estar crescendo em ritmo mais forte do que a oferta. ¿Uma moderação nesse descompasso (entre demanda e oferta) contribuiria para reduzir as pressões inflacionárias¿, disse.

As projeções no segundo relatório ficaram um pouco desatualizadas, pois foi divulgado que a inflação de junho, medida pelo IPCA-15, ficou em 0,90%, ante 0,56% em maio. O resultado ficou acima das estimativas. O relatório foi elaborado com os dados disponíveis até 13 de junho. Mesquita disse que o Copom, em sua próxima reunião, ¿terá um novo conjunto de informações para tomar decisões¿.