Título: Paulinho entrega defesa a conselho
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2008, Nacional, p. A12

Ele esgotou prazo a que tinha direito para encaminhar documento; demora favorece o deputado e sindicalista

Vinte e três dias depois de ser notificado, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, entregou sua defesa escrita no Conselho de Ética da Câmara.

Ele é acusado de quebra de decoro parlamentar por suposto envolvimento no esquema de desvio de verba do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), descoberto pela Operação Santa Tereza, deflagrada pela Polícia Federal.

O deputado aproveitou o ritmo dos trabalhos da Casa e usou todo o prazo de cinco sessões ordinárias para protocolar o documento.

As festas juninas no Nordeste e o período de convenções partidárias para escolha dos candidatos a prefeito esvaziaram a Câmara e muitas sessões deixaram de ser realizadas neste mês.

O presidente do conselho, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), marcou duas datas, 2 e 8 de julho, para o depoimento de Paulinho no colegiado.

Caberá ao deputado escolher o dia que preferir. Moraes, no entanto, disse que Paulinho não é obrigado a comparecer para fazer sua defesa oral. "É um convite", explicou.

Em sua defesa escrita, Paulinho apresenta quatro testemunhas que deverão ser também convidadas pelo conselho para depor. Moraes não divulgou o conteúdo da defesa nem a relação dos nomes apresentados pelo parlamentar.

O deputado não quis falar ontem com a reportagem do Estado, que o procurou por diversas vezes durante o dia. O documento é assinado por ele e pelo advogado Leônidas Ribeiro Scholz e tem 274 páginas numeradas.

No início deste mês, Paulinho pediu licença da presidência estadual do PDT, em São Paulo, e o afastamento da Executiva Nacional do partido.

INQUÉRITO

O relator do processo, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), afirmou que espera para o início da próxima semana a chegada no conselho dos documentos que serão enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com os dados sigilosos do inquérito aberto para apurar a suspeita de envolvimento de Paulinho no esquema do BNDES.

"O relatório da PF é o documento-chave. Foi ali que surgiu o caso e a denúncia", afirmou Piau.

A demora na entrega da defesa escrita favorece o deputado. No dia 18 de julho, a Câmara entra em recesso e, de agosto até final de outubro, estará esvaziada por causa do período eleitoral, o que poderá atrasar ainda mais a conclusão do processo no conselho e, em última instância, no plenário.

O presidente do conselho disse que, apesar desse cenário, cumprirá com o seu trabalho.

"Não trabalho com o calendário eleitoral e não posso trabalhar com o recesso. Tenho de fazer o meu trabalho", ressaltou Moraes, afirmando que fará os convites que forem necessários para realizar os depoimentos do caso.