Título: Estoque de grãos terá 6 milhões/t
Autor: Salvador, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2008, Economia, p. B4

Lula anuncia amanhã plano para quadruplicar estoques na tentativa de conter alta de preços

O governo decidiu quadruplicar os estoques oficiais de grãos para ter um novo instrumento contra a alta do preço dos alimentos no mercado interno. A meta, constante do Plano de Safra Agrícola e Pecuário 2008/2009, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia amanhã em Curitiba e ao qual o Estado teve acesso, é elevar os estoques de 1,5 milhão de toneladas, volume atual, para 6 milhões de toneladas em 2009.

O governo aposta na elevação da produção nacional de alimentos para atravessar o atual período de agravamento da inflação mundial. O estoque total será o maior desde 2006, quando os armazéns públicos armazenavam cerca de 4 milhões de toneladas de grãos.

A maior parte do novo estoque - 4,1 milhão de toneladas - será de milho. O produto é considerado estratégico do ponto de vista do controle dos índices de inflação, já que o grão é matéria-prima da avicultura, da suinocultura e da pecuária de corte e de leite.

A medida demandará R$ 3,8 bilhões em recursos do governo. Para garantir a compra e a recomposição dos estoques, o governo fará leilões neste ano, antes do período de plantio da safra, em setembro. Nesses leilões, o governo sinalizará aos agricultores o preço de venda de determinados produtos. Assim, o produtor terá mais segurança em relação aos preços. Normalmente, as cotações caem nos períodos de colheita.

Além de recompor os estoques, a medida visa garantir a comercialização da safra a preços compatíveis com os custos de produção.

A falta de estoques públicos de grãos impediu que o governo interferisse de forma mais efetiva no mercado para frear a escalada dos preços dos alimentos este ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem em seus armazéns apenas 1,4 milhão de toneladas de arroz, cereal que está sendo vendido em leilões.

No total, a agricultura empresarial vai contar com R$ 65 bilhões na safra 2008/09, R$ 7 bilhões a mais que o previsto no plano anterior. Outros R$ 13 bilhões serão destinados à agricultura familiar, em um programa a ser anunciado na quinta-feira, somando um total de R$ 78 bilhões.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, avalia que a liberação dos recursos, aliada à alta dos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional, vai resultar em incremento de 5% a 6% na safra agrícola do próximo ano. ¿Um aumento extraordinário, considerando o histórico de crescimento do setor¿, avaliou ele, na semana passada.

Do total previsto, R$ 10 bilhões irão para os programas de investimento. Na safra atual, 2007/08, foram disponibilizados R$ 9,050 bilhões para essas linhas. Do volume previsto para a safra 2008/09, R$ 6,5 bilhões serão disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante, R$ 3,5 bilhões, sairá do caixa dos Fundos Constitucionais.

Além disso, por causa do aumento dos custos de produção, o governo vai elevar os limites individuais de financiamento para a próxima safra. O enfoque do Plano de Safra é estimular a produção de quatro produtos ¿sensíveis¿: arroz, feijão, milho e trigo. No caso do arroz e do feijão, o limite individual vai passar de R$ 300 mil por produtor para R$ 400 mil. EsSe valor vale para lavouras de sequeiro. Para arroz, feijão e trigo irrigados e para o milho o limite vai passar de R$ 450 mil para R$ 550 mil.

NÚMEROS

R$ 3,8 bilhões é quanto o governo deve investir na compra de grãos para aumentar os estoques, que, hoje, somam 1,5 milhão de toneladas

4,1 milhões de toneladas de milho devem ser compradas pelo governo na safra 2008/2009 para tentar controlar os índices de inflação

R$ 13 bilhões serão destinados para o financiamento da agricultura familiar na safra que vem