Título: Marta, Alckmin e Kassab trocam farpas em SP
Autor: Almeida, Roberto; Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2008, Nacional, p. A8

Programa de governo, segurança e uso da máquina motivam críticas

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo trocaram farpas ontem. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) rebateu a apresentação do programa prévio de governo da petista Marta Suplicy - um texto repleto de críticas à sua gestão. "Eu queria debater com idéias efetivamente verdadeiras. Em alto nível", disse. Enquanto isso, um aliado de Marta deu nova alfinetada no prefeito, com crítica à segurança pública, e o tucano Geraldo Alckmin advertiu os dois adversários: uso da máquina pública é crime e "não elege ninguém".

Kassab não gostou dos termos do documento petista - que fala em "enrolação social" e chama de gestão "Kassab/Pitta" o período em que o atual prefeito foi secretário de Planejamento de Celso Pitta. "Todos sabem que (a gestão Marta) foi marcada por taxas, inclusive com apelidos, como Martaxa", afirmou.

O prefeito frisou que não pretende desferir golpes "abaixo da cintura", mas debater propostas. O secretário de Trabalho do Estado, Guilherme Afif Domingos, responsável por seu programa de governo, deve divulgá-lo na próxima semana.

O deputado Carlos Zarattini (PT), que coordena a campanha de Marta, afirmou que "é uma pena que o prefeito queira fazer um debate sobre idéias e só apresente chavão". E foi além: "Ele não discute ampliação do bilhete único, que diminuiu, a melhoria na qualidade do ensino através da expansão da rede de Centros de Educação Unificados (CEUs) e investimentos que garantam médicos na periferia."

INTEGRAÇÃO

Durante um seminário sobre segurança, Marta prometeu integrar São Paulo ao Programa Nacional de Segurança com Cidadania do governo federal. O presidente do PT municipal, José Américo Dias, apimentou a declaração, explicando-a com o argumento de que a prefeitura "assina convênios, mas não apresenta projetos". Procurada, pela assessoria de imprensa, a prefeitura não respondeu à crítica.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, que veio à capital em apoio à ex-ministra, amenizou o tom. "A prefeitura é nossa parceira", destacou. "Minha presença aqui representa uma forma de apoio à candidata Marta, o que não me impede de dizer a verdade sobre a relação com a prefeitura, que é muito boa."

Alckmin destacou que a máquina pública não elege ninguém - referência ao fato de que a ex-ministra conta com apoio do governo federal e Kassab, além de comandar a máquina municipal, tem aparecido com o governador José Serra (PSDB).

"Primeiro, utilizar a máquina pública é crime. Segundo, eu acho que isso não elege ninguém. Se depender disso para se eleger, não chega lá", frisou. Alckmin participou, à noite, de um seminário sobre assistência social, que ajudará na elaboração do programa de governo.