Título: Importação é recorde desde 1995 e saldo cai 44%
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2008, Economia, p. B7

Total de compras no exterior no 1.º semestre se aproxima de US$ 80 bi; exportações crescem quase 24%, melhor desempenho desde 2004

As importações brasileiras registraram no primeiro semestre de 2008 a maior taxa de crescimento desde 1995, quando o real tinha paridade com o dólar. As compras internacionais cresceram 50,6% na comparação com o primeiro semestre de 2007, totalizando US$ 79,27 bilhões, com média diária de US$ 644,5 milhões. As exportações tiveram o melhor primeiro semestre desde 2004. As vendas externas somaram US$ 90,64 bilhões e registraram média diária de US$ 737 milhões, o que significa uma elevação de 23,8% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Apesar do ritmo forte das importações, a velocidade de queda do superávit comercial em relação ao saldo de 2007 diminuiu. O superávit acumulado no primeiro semestre foi de US$ 11,37 bilhões e a média diária, de US$ 92,4 milhões, queda de 44,3% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a maio, o saldo estava menor em 47,4%.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, disse que esse movimento se deve à recuperação das exportações. Ele destacou que o crescimento das vendas externas em 12 meses, até junho, foi de 18,7%, acima da taxa esperada para o comércio mundial em 2008, de 15,3%. Também informou que o ministério anunciará, nos próximos dias, uma nova meta de exportações para 2008, acima dos US$ 180 bilhões já projetados. No acumulado em 12 meses, as vendas externas já somaram US$ 178 bilhões.

¿Existe uma tendência de diminuição de saldo, mas nós temos ainda um superávit muito importante e ele aumentou no último mês¿, afirmou. O saldo comercial em junho foi de US$ 2,72 bilhões, resultado de exportações de US$ 18,6 bilhões e importações de US$ 15,87 bilhões. As compras internacionais no mês registraram recorde. O volume exportado é o segundo melhor resultado, atrás apenas de maio, quando somou US$ 19,3 bilhões. O secretário alerta, no entanto, que a balança comercial de maio está contaminada pelo efeito da greve dos auditores da Receita, que levou a um acúmulo de registros de exportações naquele mês.

Para Barral, o aumento das importações não está ocorrendo em detrimento da indústria brasileira. Segundo ele, embora o nível de utilização da capacidade esteja elevado, ¿a indústria está trabalhando a pleno vapor¿. As importações de bens de consumo perderam espaço na pauta, caindo de 13,3% do total no primeiro semestre de 2007 para 12,5% em 2008.