Título: Desgaste de Temporão anima petistas
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2008, Nacional, p. A15

O desgaste político do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, animou o PT, que sempre acalentou o sonho de retomar a pasta por considerá-la estratégica. A cúpula do PMDB, porém, já deu sinais de que não abrirá mão do cargo. Com esse argumento, uma fatia do partido defende agora uma operação para salvar Temporão do bombardeio.

Ele é alvo de críticas no Congresso - muitas delas alimentadas por seu próprio partido - e perdeu força no governo. O diagnóstico do Palácio do Planalto é de que há problemas de gestão no Ministério da Saúde provocados, entre outros fatores, pelo desmonte de equipes anteriores. Senadores e deputados, por sua vez, reclamam da lenta execução orçamentária.

"A queixa é generalizada porque o Ministério da Saúde é um dos mais complicados na liberação de recursos de emendas parlamentares", afirmou o senador Delcídio Amaral (PT-MS). A preocupação do Planalto é mais pragmática: pesquisas revelam que os eleitores consideram a saúde a área mais problemática do governo, ao lado da segurança pública, que cabe aos Estados.

Há, ainda, o fator José Serra. Motivo: o governador de São Paulo, ex-ministro da Saúde no governo Fernando Henrique, é pré-candidato do PSDB à Presidência, em 2010, e vai apresentar na campanha os seus feitos, como a criação dos medicamentos genéricos. Auxiliares do presidente Lula avaliam que Temporão também precisa ter um projeto de visibilidade, que ultrapasse a fronteira das polêmicas.

De abril até ontem, dados do Ministério da Saúde indicavam que a pasta havia pago investimentos da ordem de R$ 664,4 milhões. Desse total, R$ 630,4 milhões referiam-se a projetos de anos anteriores e R$ 34 milhões ao orçamento deste ano. Foram contabilizadas 434 propostas que, na avaliação da pasta, "estavam incompletas ou não atendiam a requisitos técnicos".