Título: Cacciola deve chegar semana que vem
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2008, Economia, p. B1

Depois de nove meses e meio de batalhas jurídicas, o destino de Salvatore Cacciola foi, enfim, selado ontem pelo príncipe Albert II, de Mônaco. O ex-banqueiro, condenado em 2005 a 13 anos de prisão no Brasil e preso em setembro do ano passado em Monte Carlo, deve ser extraditado na próxima semana.

A confirmação foi anunciada pela Direção de Serviços Judiciários do principado, que, pela manhã - horário de Brasília -, consultou o Ministério da Justiça sobre as circunstâncias do translado.

A palavra de Albert II era esperada com ansiedade pelas autoridades brasileiras desde quarta-feira passada. Nessa data, o Tribunal de Revisão de Mônaco confirmou a sentença do Tribunal de Apelações, que em abril havia determinado a extradição, após intensa batalha jurídica. Um recurso da defesa também havia sido recusado em Estrasburgo, na França, pela Corte Européia de Direitos Humanos, na semana passada. Sem mais entraves judiciais, o parecer da Justiça dependia apenas da homologação de Albert II, soberano do principado.

O Ministério da Justiça divulgou a informação pela manhã, em Brasília, após receber nota enviada por Philippe Narmino, equivalente a ministro da Justiça do principado, ao governo brasileiro.

O texto dizia: "Tenho a honra de comunicá-lo que o príncipe Albert II acaba de concordar com a extradição ao Brasil do senhor Salvatore Cacciola, fundamentada no mandado de prisão de 19 de julho de 2000. Ainda hoje comunicarei essa decisão oficialmente, por via diplomática, às autoridades brasileiras."

O documento já veio acompanhado de um pedido de informações sobre como o governo brasileiro pretende realizar a transferência do ex-banqueiro. "Lembro que sua passagem pelo território da França (pelo Aeroporto de Nice) necessita de uma autorização das autoridades francesas", ressaltou Narmino.

Ao Estado, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, disse que a logística da extradição está sendo preparada e a Interpol auxiliará na intermediação entre os governos. "O importante é que o príncipe de Mônaco destronou o rei da impunidade", brincou, exultante, referindo-se aos sete anos passados desde que Cacciola deixou o Brasil.

Não há prazo máximo para o translado, mas ele deve ocorrer na próxima semana. Tuma Júnior estima que em dois dias é possível deslocar a equipe da Polícia Federal que será responsável pelo "resgate jurídico" de Salvatore Cacciola.

Além do deslocamento dos agentes até Paris, depois a Nice e finalmente a Mônaco, o procedimento depende ainda de autorização do governo da França, por onde o ex-banqueiro será levado ao Brasil. O documento não será empecilho, já que França e Mônaco têm acordo bilateral de cooperação.