Título: Chávez quer volta da ajuda dos EUA
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2008, Internacional, p. A12

Em mais um recuo, venezuelano defende retomada da cooperação antidrogas e melhora nas relações

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltou atrás em mais uma posição que costumava defender com unhas e dentes, ao expressar sua intenção de retomar a cooperação antidrogas com os EUA, suspensa em 2006. Segundo um comunicado do Ministério das Comunicações da Venezuela divulgado ontem, Chávez encontrou-se no sábado com o embaixador americano dos EUA na Venezuela, Patrick Duddy, durante as comemorações do 197º aniversário da independência venezuelana, onde se disse disposto a normalizar as relações com o governo americano independentemente do vencedor das eleições presidenciais de novembro nos EUA.

"Que ganhe quem ganhe, mas que possamos sentar para conversar, como eu fazia com (o ex-presidente) Bill Clinton(1992-2000)", disse Chávez, que já chegou a chamar o presidente americano, George W. Bush, de "diabo" na Assembléia Geral da ONU e até agora não perdia uma oportunidade de denunciar supostos planos da Casa Branca para derrubá-lo.

O presidente venezuelano pediu a Duddy que ambos se encontrem com mais freqüência, voltando ao tempo em que, "apesar das diferenças ideológicas", havia respeito e um contato mais fluído entre Caracas e diplomatas de Washington. Ele lembrou o caso de John Maisto, embaixador na Venezuela entre 1997 e 2000. "Nós tomávamos café juntos, conversávamos", disse Chávez. "É preciso voltar a essa situação, a lutar contra o narcotráfico e a delinqüência internacional."

A súbita mudança no discurso de Chávez não foi o primeiro recuo dos últimos meses. Há pouco mais de 20 dias, ele pediu que a guerrilha colombiana Farc abandonassem as armas, após defender, meses antes, que a comunidade internacional lhe desse o status de "grupo beligerante". Chávez também revogou uma polêmica lei que obrigaria todos os cidadãos venezuelanos e estrangeiros a repassarem informações para os serviços de inteligência do país, além de uma reforma no sistema educacional.

O motivo de tantos recuos, dizem os analistas, é a preocupação do presidente com seus cada vez menores índices de popularidade. Nos últimos 18 meses sua aprovação caiu 20 pontos, para algo em torno de 40%, de acordo com os institutos de pesquisas Hinterlaces e Keller & Associados.

FRASE

Hugo Chávez Presidente venezuelano

"Tomávamos café juntos (com diplomatas americanos). É preciso voltar a essa situação, a lutar contra o narcotráfico e a delinqüência internacional."