Título: Para defesa, prisão é ilegal e arbitrária
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2008, Nacional, p. A9

Advogado de Dantas diz que documentos na Itália sobre Brasil Telecom "comprometem personagens ligados ao governo"

Assim que foi informado da prisão do banqueiro Daniel Dantas, pela Polícia Federal, seu advogado, o criminalista Nélio Machado, atacou: "Sei que há documentos na Itália que deixam comprometidos personagens ligados ao governo brasileiro e esse episódio pode ter gerado uma vingança contra o meu cliente". O criminalista não deu nomes e deixou claro que não viu os documentos.

Machado também tachou de "ilegal e arbitrária" a prisão de dezenas de pessoas pela Operação Satiagraha, sem prestar depoimento nem saber das acusações. "Não vi uma ação assim contra Genoino, Dirceu ou Roberto Jefferson", afirmou, referindo-se aos tempos do mensalão. Garantiu, ainda, que o banqueiro se defenderá "com todas as armas de que dispõe". Ressalvou não poder fazer "afirmação peremptória", por falta de provas, mas considera que a prisão de Dantas está ligada a disputas societárias na operadora Brasil Telecom (BrT).

Durante entrevista coletiva, Machado mencionou várias vezes que a Telecom Itália - ex-sócia do Opportunity na BrT - enfrenta processo na Justiça de seu país, onde estariam os documentos "que deixam comprometidos personagens ligados ao governo brasileiro".

O criminalista afirmou que desconhece qualquer vínculo de Dantas com o investidor Naji Nahas ou o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, também presos. Destacou, por fim, que o seu cliente não tem nenhuma ligação com o caso do mensalão.

"INJUSTIFICADA" A defesa de Nahas afirmou que a prisão foi "absolutamente injustificada". "É pessoa conhecida, tem endereço conhecido e sempre esteve à disposição da Justiça. É medida extremamente violenta, constrangimento desnecessário, pois bastaria que a PF o intimasse para que se apresentasse e desse as declarações", afirmou o seu advogado, Sergio Rosenthal.

Para o advogado, a ação da PF não "se coaduna com os princípios do Estado Democrático de Direito". Ele criticou a falta de acesso aos autos da investigação: "Não tomamos conhecimento, pois a Justiça informou que só nos dará acesso após a conclusão da operação."

"SENSACIONALISTA"

A advogada de Pitta, Paula Sion de Souza Naves, também fez questão de ressaltar que não teve acesso aos detalhes que levaram à Operação Satiagraha, mas classificou a prisão de seu cliente de "sensacionalista", por ter sido divulgada à imprensa antes de ser efetivada.

"Ela foi divulgada à imprensa logo pela manhã, antes de ele (Pitta) ser detido em sua casa, às 6 horas", reiterou. Paula informou que vai solicitar a liberação do ex-prefeito assim que ele prestar depoimento. "Isso demonstrará que está colaborando com as investigações e não há justificativa para permanecer detido."

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