Título: IGP-M sobe menos na 1ª prévia
Autor: Saraiva, Alessandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2008, Economia, p. B1

Alta foi de 1,55%, ante 1,97% no mesmo período de junho; para FGV, índice pode fechar o mês abaixo de 2%

Beneficiada por quedas e desacelerações nos aumentos dos preços dos produtos industriais no setor atacadista, a primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) subiu 1,55%, abaixo da de igual prévia em junho (1,97%). Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou ontem o resultado, isso indica que o IGP-M do mês pode ficar abaixo de 2%, inferior ao de junho (1,98%).

Usado para reajustar aluguéis de imóveis, o IGP-M acumula elevação de 8,47% neste ano e 14,88% nos últimos 12 meses. O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, explicou que aumentos mais fracos e deflações em itens industriais importantes derrubaram a inflação no atacado (de 2,35% para 1,97%). ¿O setor industrial é o de maior peso na formação de preços do atacado¿, comentou ele.

Segundo ele, entre os destaques de desaceleração ou de queda estão o óleo diesel (de 10,04% para 0,55%) e do minério de ferro (de 27,56% para -0,04%). Esses produtos pararam de subir porque o impacto dos reajustes no diesel e no minério, no primeiro semestre, já foi quase completamente captado pelo IGP-M.

Outro fator lembrado por Quadros foi o comportamento no preço do arroz, que agora registra queda, após subir durante meses no atacado. É o caso das variações de preços do arroz beneficiado (de 7,60% em junho para -3,05% em junho) e do arroz em casca (de 9,17% para -4,98%). ¿Somente agora a oferta do arroz começa a se ajustar, após problemas com demanda¿, disse o economista.

A taxa menor da primeira prévia também foi influenciada pelas desacelerações de preços no varejo (de 0,6% para 0,42%); e na construção civil (de 2,72% para 1,38%). Mas foi o setor atacadista o maior responsável pelo aumento mais fraco de preços medido pela primeira prévia do IGP-M neste mês, segundo Quadros.

ALIMENTOS

A inflação dos alimentos continuou pressionada na primeira prévia do IGP-M de julho, com aceleração de preços dos produtos agropecuários no atacado (de 1,82% em junho para 3,49% neste mês) e aumentos importantes no varejo, como o do feijão carioquinha (9,12%).

Para o economista da Fundação Getúlio Vargas, isso é preocupante, pois as elevações de preços de alimentos que foram registradas no resultado do índice são persistentes e podem continuar a impulsionar avanços nas taxas do indicador nas próximas prévias.

No atacado, foram registrados aumentos significativos nos preços da soja (8,59%); de bovinos (7,44%); e do milho em grão (11,22%). De acordo com Quadros, não fosse o impacto benéfico de quedas e desacelerações de preços dos produtos industriais, a primeira prévia do IGP-M de julho teria sido maior, por causa da influência desses aumentos na inflação do setor atacadista.

A analista da consultoria Tendências Ariadne Vitoriano disse que os preços da soja e do milho mostraram ¿uma expansão maior do que a esperada¿. ¿A pressão desses itens deve ser importante neste mês e está relacionada aos problemas climáticos em regiões produtoras dos Estados Unidos¿, afirmou Ariadne.