Título: Grampo clandestino leva 14 à prisão
Autor: Pereira, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2008, Nacional, p. A11

A Polícia Federal prendeu ontem 14 pessoas acusadas de vender informações sobre pedidos judiciais de interceptações telefônicas e de realizar grampos clandestinos. Baseada em São Paulo, a quadrilha mantinha funcionários infiltrados em pelo menos quatro empresas de telefonia e também numa instituição financeira. Estes últimos atuavam na quebra e venda de sigilos bancários - outra acusação que pesa contra a quadrilha.

De acordo com as investigações da chamada Operação Ferreiro, os detetives particulares Eloy de Lacerda e Francesco Maio comandavam os dois principais núcleos da quadrilha.

Eles cobravam R$ 3 mil para levantar a existência de mandado judicial de interceptação telefônica, a origem do pedido e o período de monitoramento.

Para realizar grampos, o grupo cobrava quinzenalmente R$ 15 mil por linha monitorada. Todas as conversas obtidas no período eram entregues gravadas em CDs ou DVDs.

DESCOBERTA

O grupo foi descoberto a partir de outra operação, a Bicho Mineiro, deflagrada na semana passada em Varginha, em Minas Gerais, contra empresários de café da cidade - suspeitos de crimes de estelionato, blindagem patrimonial, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, os empresários mudaram seu modo de agir depois que souberam que estavam sendo monitorados.

¿Deixaram de falar ao telefone ou passaram a dizer mentiras¿, disse o delegado Alessandro Moretti. Esse vazamento de informações, admitiu ele, prejudicou a produção de provas contra os indiciados.

Segundo o delegado Marcílio Miranda Zocrato, os detetives repassavam ¿quase diariamente¿ informações sobre mandados judiciais de interceptações.

¿A maior parte das vezes a resposta era negativa, mas isso é tão grave quanto informar que há investigação, pois dava carta branca para essas pessoas ficarem à vontade em seus telefones¿, disse Zocrato. Ele também afirmou que vai investigar os clientes da quadrilha e cobrar informações das empresas de telefonia.

A PF não apurou em quantos Estados a quadrilha agia, nem se prejudicou outras operações. No patrimônio do grupo apreendido ontem encontravam-se uma Mercedes C180 e uma Ferrari 360 Modena.

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