Título: Criação de vagas formais é recorde
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2008, Economia, p. B5

Até maio, 1,051 milhão de postos com carteira assinada foram abertos, 15,1% mais que em igual período de 2007

A abertura de novas vagas de trabalho com carteira assinada bateu novo recorde e atingiu 1,051 milhão no acumulado de janeiro a maio de 2008. O resultado é 15,1% maior que o do mesmo período de 2007, quando atingiu 913.836 novos empregos. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que já havia antecipado o resultado ao Estado, disse que a cada dia se torna mais próximo o cumprimento de sua previsão de atingir a marca inédita de 1,8 milhão de empregos formais criados neste ano. No acumulado dos últimos 12 meses, foram gerados 1,755 milhão de novas vagas. Em 2007, foram 1,617 milhão.

¿Tivemos um começo de ano muito forte na demanda interna, o que repercute no setor produtivo¿, avaliou Lupi, ao divulgar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), criado em 1992. Em maio, entretanto, a geração de postos caiu 4,35% em relação ao mesmo mês de 2007. Foram criados 202.984 empregos formais, ante 212.217. Lupi explicou que a queda se deve a ¿um fator sazonal na agroindústria sucroalcooleira¿.

Segundo ele, só em Alagoas foram fechados 7 mil postos de trabalho por causa do período de entressafra da cana. ¿Só isso explica quase toda essa diferença de um ano para o outro.¿ Lupi disse que a tendência é que o setor reduza o número de vagas nos próximos anos em função da mecanização do processo de corte da cana. ¿Não é um efeito de contaminação do processo macro de geração de emprego. É uma sazonalidade de um Estado e de uma área específica¿, destacou o ministro.

Lupi informou que, atualmente, mais de 30 milhões de brasileiros trabalham com carteira assinada no País. ¿Esse é um dado importante porque mostra a pujança da economia brasileira.¿ Para mostrar a dimensão do número, ele apresentou os últimos dados disponíveis do IBGE sobre a População Economicamente Ativa (PEA), de 2006, mostrando que, de um total 92,52 milhões de pessoas, 89,3 milhões estavam ocupados e 8,2 milhões, desempregados.

O setor de serviços voltou a liderar, pelo quarto mês consecutivo, a geração de novos postos de trabalho com carteira assinada. Segundo dados do Caged, foram abertas 55.361 novas vagas no setor, quantidade bem acima da verificada em maio de 2007, quando foram criados 39.590 empregos. No acumulado de janeiro a maio, o setor teve desempenho recorde para o período, sendo responsável pela geração de 365.377 novos empregos celetistas (CLT).

A agricultura abriu 47.107 novos postos de trabalho em maio, enquanto a construção civil respondeu por 28.670 contratações. A indústria de transformação gerou 36.701 postos e o comércio, mais 29.921. No acumulado do ano, a construção civil teve o melhor desempenho da série histórica do Caged para o período e empregou mais 160.395 pessoas nos cinco primeiros meses de 2008.

Lupi avaliou que o aumento dos índices de inflação e o conseqüente aperto monetário não têm repercutido no mercado de trabalho. ¿A inflação é preocupante, é contra o assalariado, mas é o resultado de uma demanda interna aquecida. Isso significa mais dinheiro, que significa mais vendas, que significa mais emprego¿, disse.

Segundo ele, ¿uma pequena variação de inflação¿ de 0,5 ponto porcentual a um ponto não impacta em nenhum setor da produção. ¿Um pouco mais de inflação não quer dizer que vamos ter retração do emprego.¿ Ele destacou que é preciso não perder o controle da inflação e, para isso, ¿o Banco Central tem trabalhado com muita sabedoria nos últimos cinco anos¿.