Título: Setores sofisticados sofrem mais
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2008, Economia, p. B4

Déficit em área de alta intensidade tecnológica atinge US$ 12 bilhões

O levantamento do Iedi mostra que a redução no saldo comercial da indústria foi maior no conjunto dos produtos considerados de média-alta intensidade tecnológica, segundo classificação adotada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Nessa faixa de produtos, que inclui máquinas e equipamentos, automóveis e químicos, o déficit comercial chegou a US$ 12,233 bilhões na primeira metade do ano, ante saldo negativo de US$ 3,321 bilhões em igual período de 2007. Foi o pior desempenho em um primeiro semestre desde 1997, início da série histórica.

"Esse resultado demonstra as dificuldades relacionadas ao câmbio desfavorável às exportações", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor econômico do Iedi.

O grupo de produtos de alta intensidade tecnológica (de instrumentos de precisão e aparelhos de áudio e vídeo a aviões) também teve o pior resultado da história. O déficit subiu de US$ 6,847 bilhões para US$ 9,740 bilhões. Segundo o Iedi, isso se deve, em boa parte, a problemas estruturais, que só se resolvem por meio de política industrial num horizonte de cinco a dez anos. O crescimento da economia também estimulou o aumento da importação desse tipo de produtos.

O conjunto de bens classificados como de baixa tecnologia foi o único que apresentou números melhores em relação ao primeiro semestre de 2007: o saldo positivo subiu de US$ 16,566 bilhões para US$ 18,610 bilhões.

Essa melhora se deveu quase exclusivamente ao grupo alimentos, bebidas e fumo, cujo superávit subiu de US$ 11,4 bilhões para US$ 14 bilhões, graças à ampliação de US$ 3,2 bilhões nas exportações. Na indústria de madeira e de papel e celulose, também houve ampliação no saldo, porém de pequena monta: US$ 3,3 bilhões, ante US$ 3,1 bilhões em 2007.

Embora tenham apresentado superávit de US$ 1,5 bilhão este ano, os resultados de produtos da indústria têxtil, de couro e calçadista são cada vez menores desde a primeira metade de 2006.

Os produtos de média-baixa tecnologia mantiveram a tradição de superavitários, mas o resultado caiu de US$ 5,1 bilhões no primeiro semestre de 2007 para US$ 2,4 bilhões neste ano.