Título: PF nega boicote e diz que é normal pedir informações sobre alvos de prisão
Autor: Macedo, Fausto; Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2008, Nacional, p. A6

A Polícia Federal vai informar à Procuradoria da República que mobilizou todo o efetivo e recursos necessários para o êxito da Operação Satiagraha. Foram 300 os policiais destacados na madrugada de 8 de julho para cumprimento de 24 mandados de prisão e buscas em 56 endereços residenciais e comerciais.

A PF não admite que tenha havido ¿obstrução da investigação¿, como alega o delegado Protógenes Queiroz, e já começou a reunir as informações sobre o caso. Desde sexta-feira, delegados preparam texto com todos os dados acerca do contingente acionado para a missão.

A assessoria do delegado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da PF, garantiu que ¿desde já se põe inteiramente à disposição¿ do Ministério Público e da Justiça para prestar qualquer tipo de esclarecimento.

Na semana passada, o dossiê Protógenes Queiroz começou a ser investigado. A apuração está sob responsabilidade do procurador Roberto Diana, que coordena o setor do Ministério Público Federal (MPF) encarregado do controle externo da atividade policial. Diana cobrou explicações da PF.

A cúpula da PF admitiu que antes da execução das ordens de prisão tentou obter junto à equipe de Protógenes a lista completa dos alvos de Satiagraha. ¿Realmente isso aconteceu¿, declarou a assessoria do dirigente máximo da PF.

Segundo a assessoria, essa conduta ¿é absolutamente corriqueira, acontece em qualquer operação da Polícia Federal¿. A PF assinala que precisa saber com antecedência quem e quais são os objetivos da blitz.

Isso quer dizer que na véspera de qualquer operação - até então mantida sob segredo para evitar alerta aos investigados - outros setores da instituição, não apenas aqueles envolvidos no caso, ficam sabendo de detalhes da ação.

¿É preciso dimensionar a logística da operação¿, respondeu a assessoria de Corrêa. ¿Primeiro para saber quais os locais em que as prisões deverão ser executadas. Se for em órgão público os policiais não poderão se apresentar ostensivamente.¿

A PF alega que tem por norma saber quem deverá ser capturado para identificar ¿alvos de periculosidade¿. Nesse caso, o armamento empregado será ¿diferenciado¿. ¿Não há nenhuma excepcionalidade, haveria se isso não ocorresse.¿

De acordo com a direção-geral, o delegado Paulo de Tarso Teixeira, chefe da Divisão de Combate a Crimes Financeiros, não iria se manifestar sobre as acusações de Protógenes.