Título: Presidente do TSE pede que eleitor olhe passado limpo
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2008, Nacional, p. A10

Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, na abertura da propaganda da Justiça Eleitoral para as eleições deste ano, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, recomendou que os brasileiros votem em candidatos com passado limpo. Defensor da tese de que políticos processados na Justiça deveriam ser vetados, Britto sugere que os eleitores busquem o máximo de informações sobre a vida do candidato antes de decidir em quem votará.

¿Votar com todo entusiasmo, toda alegria, toda liberdade, toda atenção, dando um chega pra lá nos compradores de votos e buscando o máximo de informação quanto ao candidato mais democrático. Mais democrático e de vida moralmente limpa, além de comprovadamente capaz de conduzir os destinos do seu município, isso porque o futuro do seu município, eleitor, será o seu próprio futuro¿, afirmou.

Nas peças que serão veiculadas nas rádios, a recomendação é reforçada. ¿Antes de votar, pesquise o passado dos candidatos, porque o desinteresse dos eleitores facilita a corrupção e a eleição dos maus políticos¿, diz um locutor. No TSE, Britto ficou vencido no julgamento sobre a possibilidade de o juiz eleitoral negar registro a candidatos com ficha suja na Justiça.

No Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento marcado para a próxima quarta-feira, Britto ficará novamente entre os vencidos. Os ministros julgarão uma ação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que visa a impedir que políticos que respondem a processos se candidatem. Dentre os ministros, a aposta é de que a tese será derrubada.

LISTA

No TSE, Britto tentou veicular na internet informações que permitissem identificar os candidatos com problemas judiciais. A assessoria do tribunal encontrou dificuldades técnicas e os dados não foram disponibilizados.

Coube à AMB divulgar a lista em seu site, mas nesta semana a entidade teve de se explicar. O nome do prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM-SP), havia ficado de fora do documento, mesmo sendo réu numa ação por improbidade administrativa.

A confusão reforça o argumento de alguns ministros contrários à formulação de listas, a começar pelo presidente do Supremo, Gilmar Mendes, que já se disse contra de levantamentos desse tipo. ¿Eu tenho horror a populismo e muito mais a populismo de índole judicial. Então, eu não me animo a ficar fazendo esse tipo de lista, porque eu tenho medo de cometer graves injustiças¿, afirmou, no início de julho.

FOCO

A propaganda de rádio e TV do TSE, feita pela agência W/Brasil, alerta: ¿Perder uma oportunidade pode fazer você perder muito tempo. Se, nas próximas eleições, você não escolher os melhores candidatos, por exemplo, a sua cidade vai perder quatro anos. E quatro anos é muito tempo¿, diz o texto da propaganda na TV.

Britto afirmou que, com maus políticos, os quatro anos de gestão se arrastam. ¿Quatro anos passam rapidamente - uma corrida de 100 metros -, se o nosso voto é bom; quatro anos arrastam-se em passo de tartaruga, se o nosso voto é ruim.¿