Título: Reação dos BCs à inflação não tem sintonia, diz a ata do Copom
Autor: Nakagawa Fernando; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2008, Economia, p. B3

Para BC brasileiro, falta de rumo ocorre porque pressões são `conflitantes¿

Bancos centrais têm adotado estratégias diferentes, sem sintonia, pelo mundo. A avaliação é da autoridade monetária brasileira. Diante de dados econômicos que não têm tendência única, o Comitê de Política Monetária (Copom) diz que a atuação dos outros bancos centrais tem ¿ocorrido de forma pouco sincronizada¿ nos últimos meses, situação que tende a persistir.

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¿Ainda que a existência de fortes pressões inflacionárias seja objeto de preocupação para a grande maioria das autoridades monetárias, as reações têm ocorrido de forma pouco sincronizada¿, diz a ata da última reunião do Copom, em julho. Essa falta de rumo acontece, na visão do Banco Central brasileiro, porque ¿a economia mundial continua evidenciando pressões conflitantes¿.

Na ata, os diretores do Banco Central citam, por exemplo, que a atividade econômica se mostrou, em geral, ¿mais forte do que o antecipado na maioria dos países no primeiro semestre¿. O Banco Central lembra, no entanto, que dados mais recentes apontam sinais de enfraquecimento, especialmente nos países desenvolvidos, tendência que deve continuar ao longo do segundo semestre.

Apesar disso, os preços das matérias-primas continuam em alta e a demanda segue aquecida nos países emergentes. Isso tem provocado ¿forte aceleração¿ da inflação nesses mercados, afirma o documento. A esse quadro, deve-se somar a crise financeira mundial, considerada ¿severa¿ pelo Banco Central, que tem efeitos nos Estados Unidos e, em menor medida, na Europa.

Diante da evolução recente desses fatores, o Banco Central diz que os indicadores de volatilidade e aversão ao risco tiveram ¿elevação considerável¿ desde a reunião de junho do Copom.

Apesar disso, o Comitê diz que ¿as políticas voltadas para reduzir a vulnerabilidade externa da economia têm se mostrado bem-sucedidas¿. Isso, segundo o Banco Central, contribui para mitigar, ¿mas não elimina¿, os efeitos do quadro externo sobre a atividade econômica no Brasil.