Título: O pior da inflação já passou, diz Mantega
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2008, Economia, p. B12

Ministro não comentou implicações de sua avaliação sobre a política monetária

Um dia depois da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizando que o Banco Central manterá a tendência de alta dos juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o pior da inflação já passou e a economia brasileira está num nível adequado de crescimento. Mantega preferiu, no entanto, não comentar as implicações dessa avaliação sobre as decisões de política monetária.

¿O pior já passou porque os preços das commodities internacionais, que começaram essa elevação (da inflação), estão todos em queda¿, disse o ministro, após participar de reunião com empresários na sede da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib).

Mantega citou o petróleo, cuja cotação caiu 15% nas últimas quatro semanas, depois de ter alcançado níveis sem precedentes. Segundo ele, as commodities agrícolas também apresentaram recuo de preços no mercado mundial. ¿É claro que não posso garantir o que vai acontecer no futuro, porque pode haver especulação, mas a minha impressão é de que os preços vão continuar caindo¿.

O ministro ressaltou ainda que os efeitos das medidas fiscais e monetárias adotadas pelo governo já começam a aparecer nas estatísticas da inflação. ¿Todos os índices estão mostrando uma inflação menor que no mês anterior¿.

Mantega disse que é um ¿equívoco¿ achar que há divergências entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central no combate à inflação. ¿É perfeitamente compatível a visão do Banco Central com a nossa visão; cada um ataca de um lado e ambos buscamos o mesmo resultado¿.

Nesse trabalho conjunto, o ministro considera que as medidas fiscais adotadas pela Fazenda são o melhor instrumento para diminuir a demanda agregada. ¿Estamos diminuindo gastos de custeio, reduzindo a demanda do setor público, e isso tem um efeito muito forte e imediato sobre a inflação¿. Por outro lado, ele observou que ¿subir a taxa de juros diminui a demanda e diminui um pouco o investimento¿.

Mantega sugeriu que o ritmo de atividade econômica foi desacelerado para níveis confortáveis para a inflação. ¿Com o conjunto de medidas que adotamos, colocamos a economia no patamar adequado de crescimento, que não gera inflação, porém é robusto¿. Ele afirmou que as medidas contra a inflação não vão abortar o crescimento sustentado da economia. ¿O Brasil vai continuar tendo uma inflação moderada, sob controle, e com crescimento entre 4,5% e 5%, que eu considero vigoroso¿.