Título: Saldo comercial de US$ 3,3 bi é o 2º maior de 2008
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2008, Economia, p. B14

Exportações acentuaram o ritmo de crescimento em julho e ajudaram a reduzir a queda do superávit no ano

As exportações e importações brasileiras bateram novo recorde em julho e garantiram superávit de US$ 3,3 bilhões, o segundo melhor resultado comercial deste ano, com vendas ao exterior de US$ 20,45 bilhões e importações de US$ 17,15 bilhões. As exportações acentuaram em julho o ritmo de crescimento, o que ajudou a suavizar a queda do superávit em relação a 2007. Até junho, a expansão das importações era mais que o dobro em relação às vendas, cenário que não se repetiu em julho, quando as exportações cresceram 38,6%, ante 52,2% das importações.

No acumulado de janeiro a julho, o saldo comercial totaliza US$ 14,65 bilhões, uma queda de 38,7% pela média diária na comparação com igual período do ano passado. As vendas externas acumulam no ano US$ 111,09 bilhões e as importações, US$ 96,44 bilhões, valores também recordes para o período. A diferença do saldo comercial em relação a 2007 já foi superior a 60% nos primeiros meses do ano e vem caindo nos últimos meses. Em 12 meses encerrados em julho, o superávit apresenta queda de 31,9%.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as vendas externas de manufaturados e de semimanufaturados apresentaram cifra inédita em julho, enquanto as exportações de produtos básicos são as maiores para meses de julho. Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o aumento dos preços das commodities e o início da safra agrícola são os principais fatores para recuperação das vendas. A taxa de crescimento das exportações de janeiro a julho de 2008 é de 27,2%, a maior do período desde 2004.

O bom preço no mercado internacional elevou a participação dos básicos na pauta de exportação brasileira. De janeiro a julho de 2007, representavam 31,2% do total exportado e, em 2008, já representam 36,3%, principalmente por causa da soja em grão, petróleo, farelo de soja, carne de frango e minério de ferro. O Brasil também conseguiu aumentar as vendas para a China, que cresceram 111,5% em julho. Para os Estados Unidos, a alta foi de 42,3%, o melhor resultado mensal neste ano, puxado principalmente por petróleo, etanol, eletroeletrônicos e aviões.

O aumento internacional dos preços das commodities também está impulsionando as importações. Segundo Barral, as compras de petróleo cresceram 65,3%, de janeiro a julho, mas houve uma redução, em quantidade, de 3%. A expansão ocorreu por causa da elevação em 70% dos preços internacionais do produto. Com isso, a participação das importações de combustíveis e lubrificantes na pauta brasileira cresceu de 15,9%, de janeiro a julho de 2007, para 18,6% em igual período de 2008. Os preços internacionais de produtos como fertilizantes e trigo também têm ajudado a elevar as importações.

Barral destacou que, no acumulado de 12 meses até janeiro, as importações cresciam 9,1% em preço. No período encerrado em julho, já subiam 17%. Ele avalia que parte do aumento das compras brasileiras é importação de inflação externa, além do reajuste do frete no primeiro semestre.

¿Será difícil reduzir as importações neste momento de expansão da economia brasileira¿, disse o secretário. Segundo ele, as importações de bens de capital marcam uma tendência de investimentos no País.