Título: Gilmar Mendes, Tarso e Souza debatem no ''Estado''
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2008, Nacional, p. A17

Evento, que será transmitido pela TV Estadão, terá também participação de presidente da OAB

Quatro referências do mundo jurídico vão se reunir amanhã, no auditório do Grupo Estado, em São Paulo, para discutir se o Brasil, como nação democrática, respeita as liberdades fundamentais de cidadãos suspeitos de descumprir a lei.

O debate O Brasil e o Estado de Direito, promovido pelo jornal, contará com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o ministro da Justiça, Tarso Genro, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto. O evento, com inscrições encerradas, será transmitido ao vivo pela TV Estadão (estadao.com.br) e terá flashes da Rádio Eldorado, a partir do meio-dia.

Os quatro debatedores são figuras-chave de uma polêmica antiga, sobre o limiar entre a repressão institucional ao crime e o abuso policial, que ganhou novas cores com Operação Satiagraha, da Polícia Federal, montada para investigar o banqueiro Daniel Dantas, preso por supostos crimes financeiros.

Em 8 de julho, dia da operação, Gilmar Mendes voltou a condenar o que já vinha chamando de "espetacularização" das prisões de suspeitos. Atacou especialmente o uso de algemas. Mais tarde, como ministro de plantão do STF, Mendes determinou a soltura de Dantas em duas ocasiões, atraindo críticas de juízes, procuradores e delegados federais.

Tarso Genro, também no dia da operação, determinou a abertura de sindicância para apurar eventuais abusos da PF, mas defendeu a instituição e negou que o uso de algemas caracterize abuso. "Se for feita uma lei dizendo que pobre pode ser algemado, jogado no camburão e exposto à execração pública e rico não pode, a PF vai ter de cumprir, mas não comigo como ministro da Justiça", afirmou.

Antonio Fernando de Souza já se contrapôs a ataques de Mendes ao Ministério Público, que, para o ministro, seria conivente com abusos policiais.

Cezar Britto é outro crítico da "espetacularização" das operações policiais. Ele criticou a PF especialmente por interceptar e-mails entre advogados de Dantas, ato, para ele, "de um autoritarismo inaceitável".