Título: Mattoso segue linha de Palocci no STF
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2008, Nacional, p. A10

Ex-presidente da Caixa também não quer acordo no caso do caseiro

Pivô do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso quer evitar o acordo proposto pelo Ministério Público de suspender o processo em troca de uma pena alternativa. Com isso, Mattoso quer fugir do que poderia parecer confissão de culpa.

Na última sexta-feira, seu advogado, Alberto Toron, pediu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que seja julgada a denúncia feita pelo Ministério Público antes que seu cliente decida se aceita ou não as condições do acordo: doação de 50 resmas de papel braille à Associação Brasiliense dos Deficientes Visuais (ABDV) e palestras de dois em dois meses, durante dois anos, em escolas públicas sobre o sistema democrático e o processo eleitoral.

¿Nós só vamos nos manifestar sobre a suspensão do processo quando o tribunal deliberar sobre o recebimento ou não da denúncia¿, afirmou o advogado. ¿Rejeitada a denúncia, não há que se falar em suspensão do processo. Se receber, nós vamos pensar no assunto¿, acrescentou Toron.

Mattoso, assim como outro envolvido no caso, o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP), diz confiar na falta de provas para se livrar da denúncia de violação de sigilo funcional. Palocci já havia se antecipado e comunicado oficialmente o STF que não aceitaria eventual proposta de suspensão do processo feita pelo Ministério Público. O terceiro envolvido no caso, o jornalista Marcelo Netto, ainda não se pronunciou sobre a proposta do Ministério Público.

O caso provocou a saída de Palocci do ministério, em 27 de março de 2006, três semanas após o Estado publicar entrevista com Francenildo, na qual ele relatou partilha de dinheiro em mansão de Brasília, com participação de Palocci. Nos dias seguintes, teve o sigilo violado.