Título: Juíza manda prender Álvaro Lins
Autor: Figueiredo, Talita
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2008, Nacional, p. A12

Após ser cassado pela Assembléia do Rio, ex-deputado vira alvo da Justiça Federal, acusado de vários crimes

Talita Figueiredo, RIO

A juíza federal convocada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), Márcia Helena Nunes, decretou ontem a prisão do ex-chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Álvaro Lins. A juíza atendeu a nova solicitação do Ministério Público Federal, que voltou a pedir a prisão de Lins dois dias depois de ele perder a imunidade parlamentar.

Álvaro Lins teve seu mandado de deputado estadual pelo PMDB cassado na terça-feira por 36 votos a 24, quórum mínimo exigido pela Assembléia Legislativa do Rio. A cassação foi proposta pelo Conselho de Ética da Assembléia sob alegação de quebra de decoro.

O processo corre em segredo de Justiça. O delegado foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob as acusações de formação de quadrilha armada, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e facilitação de contrabando e foi preso em flagrante na Operação Segurança Pública S.A., da Polícia Federal, no dia 29 de maio. Foi solto 24 horas depois por decisão de colegas da Assembléia, por 40 votos a 15.

Álvaro Lins, que chefiou a Polícia Civil do Rio de 2000 a 2006, nos governos de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, ambos do PMDB, também enfrenta dois processos administrativos na Corregedoria-Geral Unificada, da Secretaria de Segurança Pública, e pode ser expulso do quadro da Polícia Civil.

Garotinho foi apontado pelos policiais federais como o chefe político da quadrilha, ao lado de Lins. Ambos negam as acusações. Em seu discurso de defesa na Assembléia, terça-feira, o deputado cassado chamou os policiais de ¿canalhas¿.

O advogado de Lins, Ubiratan Guedes, informou que assim que receber o documento vai apresentar seu cliente. ¿Soube do decreto pela imprensa e ainda não recebi nenhuma informação oficial. Claro que ele vai se apresentar, assim que formos notificados. Ele é inocente e vamos provar isso¿, afirmou Guedes. O advogado disse também que ainda vai impetrar mandado de segurança, com pedido de liminar, requerendo a sua imediata reintegração ao cargo de deputado.