Título: Dilma diz que Lei de Anistia fica como está
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2008, Nacional, p. A13

Ministra e ex-guerrilheira sugere `não mexer com o passado¿

Vera Rosa

Em reunião a portas fechadas com deputados distritais e dirigentes da cúpula do PT no Distrito Federal, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o partido não deve encarar as Forças Armadas com ressentimento. Dilma não citou o ministro da Justiça, Tarso Genro, que há duas semanas entrou em rota de colisão com os militares ao pregar a punição de torturadores da ditadura (1964-1985), mas garantiu que o governo não tentará rever a Lei de Anistia, de 1979.

Segundo relato de participantes do encontro, a ministra sugeriu ¿não mexer com o passado¿ e propôs ¿olhar para o futuro¿. Descontraída ao tomar café da manhã com companheiros de partido, a chefe da Casa Civil disse que a sociedade precisa fazer o debate sobre o papel de defesa das Forças Armadas, já que o Brasil é uma potência regional. Mais: lembrou que tanto o Exército como a Marinha e a Aeronáutica precisam ser reequipados.

No início desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou todos os ministros a não alimentar mais polêmica com os militares. Enquadrado, Tarso repetiu várias vezes que nunca pregou mudanças na Lei de Anistia. ¿Eu disse apenas que a tortura não é crime político¿, argumentou. ¿Para mim, essa polêmica está encerrada e não há crise.¿

BASTIDORES

Para acalmar os ânimos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, teve de procurar os comandantes das três Forças. ¿A página está virada¿, declarou ele, logo após a advertência feita pelo presidente ao titular da Justiça. Só então os militares, que esperavam um pronunciamento do próprio presidente, se deram por satisfeitos.

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