Título: Desmate caiu 60% em julho, diz Minc
Autor: Werneck, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2008, Vida, p. A30

Opor-se ao plantio de espécie exótica em reserva é `maniqueísmo¿, afirmou

Felipe Werneck

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem que o desmatamento na Amazônia em julho caiu ¿praticamente 60%¿ em relação ao mês anterior. Segundo ele, a queda foi ainda mais acentuada em relação a julho de 2007: entre 60% e 70%. ¿Acho que o fator mais forte (para a redução) foi a mudança da estratégia de fiscalização nos entroncamentos rodoviários¿, disse o ministro, em entrevista.

Antes, em discurso durante o lançamento do Programa Petrobrás Ambiental, Minc comemorou os dados e declarou: ¿É por isso que o pessoal lá da frente ruralista quer pular no meu pescoço.¿ Minc disse que julho costumava ser um ¿mês terrível¿, por causa da estiagem. Além da fiscalização, ele também citou recentes acordos firmados com exportadores de soja, madeira e carne para coibir a aquisição de produtos decorrentes do desmatamento ilegal e com a Vale, que se comprometeu a exigir certificado de origem do carvão para vender minério de ferro. ¿Sorte não foi¿, declarou. ¿Você anda hoje na BR-163 e na BR-364 e não vê caminhão com tora ilegal. A gente foi onde estava circulando produto do crime ambiental.¿

Os dados do desmatamento serão divulgados oficialmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no dia 29. Segundo o ministro, o alto nível (78%) de visibilidade (área observada sem nuvens) em julho do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) indica que a redução foi efetiva.

No mês passado, Minc havia se antecipado ao Inpe e informado dados parciais do Deter referentes a junho. Na ocasião, também houve queda, de 20,6%. Na soma dos últimos 11 meses (até junho), porém, o desmate cresceu 98%.

Sobre a polêmica envolvendo espécies exóticas, Minc disse que qualquer monocultura afeta o meio ambiente, mas ressalvou: ¿Sou favorável ao plantio do seringal, dendê, mamona, eucalipto, desde que dentro de um zoneamento onde haja reflorestamento com matas nativas. Há certo preconceito em relação a isso (...). Não tem que demonizar o cedro, o pinhão ou o eucalipto, como se a maldade estivesse numa árvore, isso é visão maniqueísta.¿