Título: Divulgação de locais com infecção é defendida por diretor da Anvisa
Autor: Leite, Fabiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2008, Vida, p. A31

Raposo de Mello quer também a punição de clínicas e hospitais com registro de micobactérias

Fabiane Leite

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, defendeu ontem medidas contra os serviços de saúde que registraram infecções por micobactérias de crescimento rápido, além da divulgação dos hospitais e clínicas afetados pela epidemia, ação que seria de responsabilidade das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais.

Também pediu uma revisão dos procedimentos das próprias vigilâncias para verificação de eventuais falhas que possam ter propiciado as infecções, provavelmente relacionadas à falta de limpeza de materiais cirúrgicos.

As micobactérias são microrganismos presentes na terra e na água que têm provocado lesões nodulares e de difícil cicatrização em pessoas que passaram por cirurgias e procedimentos estéticos. Desde anteontem, todos os casos são de notificação compulsória no Brasil.

A agência também divulgou ontem uma revisão do número vítimas das micobactérias no País desde 2001 em que reconhece 2.032 casos suspeitos, com 1.937 confirmados até hoje.Em 2008, segundo a agência, 59 casos suspeitos já foram informados e 13 confirmados. A Anvisa vinha divulgando antes, em boletins oficiais, um total de 76 casos em 2008.

¿Vocês foram atrás de algum hospital? Não há problema em divulgar o nome dos serviços afetados e debater com as unidades. Eu não vejo que trará maior eficácia às ações de vigilância, mas temos de ser transparentes. Eles têm de responder o que fizeram¿, afirmou Mello ontem ao defender a divulgação - por parte das vigilâncias locais - dos nomes dos serviços afetados pela epidemia.

Em junho deste ano, o ex-diretor da agência Claudio Maierovitch havia dito que a divulgação dos nomes poderia levar unidades a esconder casos e que isso deveria ser discutido. Ele deixou o cargo e sua área foi assumida por Mello.

Desde que infecções voltaram a surgir neste ano, parte dos Estados, como o Rio Grande do Sul, têm negado informação sobre os serviços afetados. O diretor disse ainda que em reunião, ontem, com representantes de Estados e municípios e do Ministério da Saúde foi acordado que é necessária uma análise de possíveis falhas das vigilâncias sanitárias dos Estados e municípios. O tema será debatido em congresso de secretários de saúde.¿Cabe salientar que quem faz as ações na ponta são eles¿, completou.

Neste ano, dos 13 casos confirmados, 4 são do Distrito Federal e 9 do Rio Grande do Sul. Esse último lidera a lista de casos suspeitos, onde também constam Rondônia, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Paraná, Espírito Santo, Pará e Rio.