Título: Gabrielli admite novos investidores
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2008, Economia, p. B1

O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, disse ontem que será preciso dividir com novos investidores a exploração de toda a extensão do pré-sal. Evitando engrossar a polêmica em torno do assunto e falando de forma cautelosa, Gabrielli destacou que a estatal até agora só tem definida a situação do bloco de Tupi - onde foram estimadas reservas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.

¿Para toda a área do pré-sal é provavelmente necessário um novo marco regulatório, uma nova situação, novos investidores¿, disse, referindo-se a blocos ainda não concedidos. Ele destacou o alto custo dos investimentos para desenvolvimento da nova província de petróleo do Brasil. ¿São muitos recursos e o pré-sal é uma província extremamente grande. O conhecimento que se tem é limitado¿, afirmou.

Segundo Gabrielli, é possível desenvolver o início da produção em Tupi, programado para 2009 em forma de teste de longa duração. ¿Mas o problema é o que não conhecemos (o entorno do campo), que deve ser tratado de forma diferenciada.¿

As dificuldades de extração do petróleo na camada do pré-sal e os investimentos da Petrobrás nessa área foram destacados pelo executivo, que dissociou a perda de valor da empresa à discussão sobre o pré-sal. Para ele, a queda das ações foi motivada apenas pelo comportamento do preço internacional do petróleo. ¿A queda está associada à redução do preço do barril de petróleo como um todo. Caiu a Shell, a Esso, caíram todas as empresas do mundo¿, argumentou, lembrando que a desvalorização nesse caso é ¿um movimento normal¿.

Segundo a consultoria Economática, o valor de mercado da Petrobrás recuou em US$ 97,535 bilhões desde 20 de maio (data do último recorde de pontuação do Ibovespa - principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo), passando de US$ 303,676 bilhões para US$ 206,141 bilhões esta semana.

Para Gabrielli, a queda no preço do petróleo é temporária e tende a ser revertida. ¿É provável que estejamos numa tendência de queda, mas nada definitivo. Vai voltar a crescer (o preço do barril)¿, disse em entrevista, após participar do lançamento do Programa Petrobrás Ambiental, que vai destinar R$ 500 milhões a projetos ligados ao Meio Ambiente.

Ele recusou-se a comentar as discussões sobre mudanças no marco regulatório do petróleo, por causa das descobertas na área do pré-sal. Pouco antes, em discurso, Gabrielli havia comentado que a indústria de petróleo é obrigada a trabalhar com prazos mais longos para definir investimentos.

Também durante o evento, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fez referência ao tema: ¿A Petrobrás tem de ser fortalecida e não enfraquecida. Qualquer medida para diminuir o escopo da Petrobrás tem de ser repensada. É preciso ter cautela nesse assunto¿.