Título: Commodities puxam inflação
Autor: Gama, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2008, Economia, p. B6

Dois estímulos inflacionários simultâneos têm puxado para cima a variação do Índice Nacional dos Custos da Construção (INCC). ¿Um é a inflação de custos atrelada ao aumento do preço das commodities no mundo. E tem também a inflação de demanda, porque a construção civil está aquecida¿, resume Eduardo Zaidan, diretor de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP). Em junho, dissídios coletivos colaboraram para que o índice saltasse 2,67%. Apesar da queda logo no mês seguinte, o comportamento da curva permaneceu ascendente.

No que diz respeito às commodities, os preços do aço e do alumínio provocaram impacto direto sobre o setor. ¿Com eles se fabricam os materiais usados na construção civil¿, ressalta Zaidan. A alta do petróleo também tem reflexo nos custos de produção. ¿Muitas indústrias usam o petróleo como energia intensiva. E o custo do frete subiu enormemente.¿ A expectativa, no entanto, é que o ritmo da alta reduza até o ano que vem, visto que os preços começaram a dar sinal de recuo nas últimas semanas.

Já a inflação provocada pela demanda por materiais, uma pressão doméstica impulsionada pelo aquecimento do mercado imobiliário, deve ser mais duradoura: até 2009, prevê Zaidan. ¿A conta do Sinduscon é de que a demanda cresceu mais de 7% até agora e deve fechar o ano com crescimento de 10%.¿

Como o ciclo da construção civil é longo, cerca de dois anos, os fabricantes de insumos conseguem prever com antecedência a necessidade futura de materiais. ¿Essas obras que a gente está vendo hoje são resultado de decisões de investimento tomadas há 18 meses. Os fabricantes sabem disso e, em muitos casos, abusam e sobem o preço.¿

Zaidan prevê que outro efeito do aquecimento do mercado imobiliário, o aumento da produção de materiais de construção, deverá fazer com que a oferta e a demanda de insumos cheguem a um equilíbrio de preços em 2012.