Título: Itamaraty insistirá em negociar solução
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/08/2008, Metrópole, p. C3

Idéia é reforçar relação bilateral e fato de brasileiros serem `ordeiros¿

LISANDRA PARAGUASSÚ

Apesar da reação do chanceler Celso Amorim às exigências do governo britânico para não retomar a política de vistos, a orientação para o Itamaraty foi a de insistir nas negociações. Na próxima semana, o Itamaraty e o Ministério da Justiça deverão encaminhar a Londres a resposta oficial sobre a carta enviada em 3 de julho.

O governo vai manifestar o incômodo causado no País pelo caráter unilateral das exigências britânicas, pelo fato de o Brasil ter sido associado a outros países - entre os quais, Trinidad e Tobago, Lesoto, Bolívia e Venezuela - e pelo prazo de seis meses para adequação às condições de Londres.

Reforçará igualmente o histórico de estreita relação bilateral e o fato de a comunidade brasileira na Inglaterra ser ¿ordeira, trabalhadora, que não se envolve com o crime organizado nem com o terrorismo¿. ¿Se impuserem visto aos brasileiros, adotaremos igual medida no mesmo dia. Mas o nosso papel é defender os brasileiros radicados ou em circulação na Inglaterra¿, afirmou o embaixador Oto Agripino Maia, subsecretário de Comunidades Brasileiras no Exterior. ¿Faremos o possível para evitar a imposição de visto. Teremos de encontrar um terreno comum de diálogo, no qual sejam preservadas a dignidade e a soberania do País. Mas isso tem de ocorrer em termos palatáveis para nós.¿

Amorim lamentou a adoção de medidas ¿que dificultem a mobilidade das pessoas¿ porque isso vai contra os princípios da globalização e da boa relação entre os países. ¿E vamos reiterar que sempre estamos dispostos a fazer algum tipo de cooperação, desde que ela seja na base da reciprocidade, do respeito e do interesse mútuo.¿

Ele lamentou os problemas com relação à imigração. ¿Isso vai atuando na psicologia das pessoas e afetando a boa vontade recíproca. Eu disse, da última vez que estive reunido com a União Européia, que da maneira como isso está (sendo conduzido) não vai ser mais uma questão consular, vai virar uma questão política¿, afirmou.