Título: Esforço ainda é insuficiente
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2008, Economia, p. B4

Schymura adverte que País precisa reforçar poupança

Apesar dos elogios à política fiscal, Luiz Guilherme Schymura, presidente do Ibre, acha que o esforço é insuficiente. ¿O setor público não é culpado pelo déficit em conta corrente e pela inflação, mas tem de poupar mais para abrir espaço para o consumo e o investimento do setor privado¿, explica.

Em documento do Ibre, ele avalia que ¿o rápido crescimento do déficit em transações correntes e as pressões inflacionárias são sinais de que a economia brasileira está operando na proximidade do pleno emprego, no conceito econômico da expressão. Em outras palavras, pressionada por mais recursos, a economia não pode fornecê-los a partir de reservas inexploradas de capital e trabalho, mas reage com maior absorção de poupança externa e valorização do câmbio, combinada ou não com inflação¿.

Segundo Schymura, é irrealista achar que o setor privado vai poupar mais - a Previdência brasileira, relativamente generosa, desincentiva a poupança para a inatividade, e a expansão de crédito aumenta o consumo, em detrimento da poupança.

Para o Ibre, o Brasil precisa elevar a taxa de investimentos de 18% para 22% para crescer entre 6% e 11%, como os outros Brics (Rússia, Índia e China). Hoje, a taxa nacional de poupança, de 16%, é menor que os investimentos, levando à importação de poupança, que é o déficit em conta corrente.

Se os investimentos subissem para 22%, o déficit externo poderia chegar a níveis muito arriscados. A solução é aumentar a poupança pública, com superávits fiscais maiores ou transformando gastos correntes em investimentos. O aumento da poupança pública tem de ser muito substancial, pois parte dele pode se tornar redução da poupança privada.