Título: Dirigível voltará a ter uso militar
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2008, Economia, p. B12

Usado no passado para lançar bombas, zepelim poderá ser uma central de inteligência e de satélites

Jamil Chade

A Zeppelin não descarta o uso dos dirigíveis para fins militares nos próximos anos. Desta vez, porém, não no lançamento de bombas, como na 1ª Guerra. Mas como centrais ambulantes de inteligência e de satélites.

No início do século passado, os alemães usaram os dirigíveis não apenas para transportar pessoas, mas também para bombardear. Na 2ª Guerra, temendo que os alemães voltassem a usar os dirigíveis, os aliados bombardearam as fábricas em Friedrichshafen.

O uso do zepelim por militares ainda teria várias opções. O governo da França está avaliando a adoção do dirigível para monitorar locais de grandes aglomerações. ¿O objetivo é conseguir acompanhar de perto possíveis tentativas de atos terroristas¿, disse o vice-presidente da empresa, Michael Schieschke. A cidade de Paris já usou o zepelim e os alemães fizeram o mesmo na Copa do Mundo de 2006. Uma visita do papa Bento XVI à Colônia também contou com a ajuda do dirigível.

Segundo o engenheiro-chefe da Zeppelin, o dirigível poderia ficar estacionado a 50 quilômetros de portos, monitorando a entrada de navios com plutônio ou outros explosivos. A Zeppelin admite que o dirigível também poderá ser usado no controle de fronteiras contra a imigração ilegal.

Mas a empresa garante que o uso imediato é mesmo por cientistas, como laboratório voador. Por gerar vibração pequena e não fazer ruído, o zepelim está se tornando a maneira preferida de institutos para medir condições atmosféricas, fazer testes em diferentes altitudes e observar reações químicas.

¿Podemos fazer coisas que nem um helicóptero nem um avião conseguiriam¿, diz o piloto Hans Paul Strohle. Uma das vantagens é que o dirigível pode ficar até 20 horas no ar, permitindo experimentos e observações de longa duração. Outra vantagem é a baixa emissão de gases, que não interfere em medições de clima e de poluição.

Se o zepelim de hoje não é o mesmo da guerra, os alemães dizem que a tecnologia também evoluiu. Parte do revestimento era feito com o tecido de estômago de vacas, os únicos que agüentavam o hidrogênio. O gás mudou e os estômagos de vacas foram trocados por têxteis de alta resistência, fabricados em laboratório.

Na cabine visitada pelo Estado, a aparelhagem em seu estágio mais moderno faz inveja a qualquer avião comercial. A armação também mudou e é duas vezes mais leve. Com os avanços, uma vantagem: há 70 anos, cada pouso exigia 200 pessoas para segurar os cabos. Hoje, apenas três são necessárias.