Título: Cidade da estrada de ferro ganhará 100 mil habitantes
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2008, Metrópole, p. C3

Só 1 empreendimento espera vender R$ 200 milhões neste ano; governo conta com royalties e dinheiro do PAC

Gabriela Cabral

Criada no início do século 20, por trabalhadores da Estrada Madeira Mamoré, Porto Velho teve nos últimos três anos um aumento substancial de empreendimentos imobiliários, pela instalação de duas usinas hidrelétricas no rio que banha a cidade, o Madeira. Enquanto não sai a licença para o início das obras, a especulação de que um grande fluxo migratório faça a população aumentar em até 100 mil pessoas desperta nos empresários do setor o interesse em novos investimentos.

Desde que se noticiou a idéia da instalação das usinas, a capital, que está entre as cem cidades com maior Produto Interno Bruto (PIB) do País, cresce para cima. Além de receber dois shoppings, o ramo da habitação é um dos mais promissores. ¿A entrada em Rondônia deve-se à grande demanda por imóveis em Porto Velho, principalmente no segmento econômico de média renda¿, explica o diretor Comercial da Direcional Engenharia, Ricardo Ribeiro. A empresa sozinha é responsável por uma obra que espera vender quase R$ 200 milhões em casas apenas neste ano.

De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), apenas nos últimos dois anos foram iniciadas 58 obras de prédios na cidade e a construção civil subiu na casa dos 30%. Faltam areia, brita, tijolo e cimento no mercado. No entanto, embora a verticalização tenha conferido um ar mais urbanístico e moderno, Porto Velho ainda tem problemas provincianos, que foram potencializados com o crescimento sem planejamento da cidade. Menos de 5% da população tem acesso à rede de esgoto e água. Outro problema é a quantidade de famílias que moram em áreas de risco de inundações e beira de canais. A Prefeitura estima que os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 600 milhões para infra-estrutura, retirem 1,2 mil famílias dessas localidades e recoloquem-nas em residenciais.

ROYALTIES

O trânsito também é deficiente. No ano passado, Porto Velho foi a 11ª capital com mais acidentes que resultaram em mortes. No caso de acidentes com vítimas, supera até a capital paulista. De agosto de 2003 a agosto de 2007, a frota de veículos cresceu quase 10%. Mas as péssimas condições das ruas também são fatores que levam ao caos do trânsito porto-velhense. Além dos muitos buracos nas ruas, a cidade não tem um anel viário. E, com isso, os carros dividem espaço com carretas pesadas em pleno horário de pico. Agora, esse dinheiro do PAC também será usado no asfaltamento de 120 quilômetros.

Depois da barragem construída, o município receberá de royalties mais R$ 50 milhões por ano, o que significa 30% da arrecadação atual em IPTU e outros impostos. Juntos, os repasses para Porto Velho, do PAC e em royalties, somam quase o dobro do que o Estado recebeu nos Planos Pólo Noroeste e Planafloro, financiamentos feitos nas décadas de 1980 e 1990, para o desenvolvimento dos seus 52 municípios.