Título: Médico vê Dilma sem evidência de linfoma
Autor: Monteiro,Tânia ; Oliveira, Clarissa ; Nossa, Leon
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2009, Nacional, p. A6

Ministra da Casa Civil, favorita de Lula para concorrer em 2010, afirma estar pronta para "o que der e vier"

Após pouco menos de cinco meses de tratamento, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está liberada para levar uma vida normal e já pode até retomar uma agenda carregada de eventos, de olho na eleição presidencial de 2010. O aval foi dado neste final de semana à ministra pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês, após uma bateria de exames realizados na última quinta-feira mostrar que ela está livre de qualquer evidência do linfoma detectado em seu organismo no final de abril.

"Após exaustivos testes, foi constatado que o tratamento atingiu o resultado esperado e que a ministra Dilma Rousseff encontra-se livre de qualquer evidência de linfoma, com estado geral de saúde excelente, podendo retornar a sua rotina normal", afirmou o hospital, em nota distribuída à imprensa.

Dilma deverá mergulhar nos preparativos da campanha. Ontem, em Brasília, não deixou sem resposta perguntas sobre a eleição de 2010. "Estou pronta para o que der e vier", afirmou. "O que aparecer na minha vida, acho que vou encarar."

A ministra comemorou por estar livre de tomar remédios e relatou ter tirado uma lição da doença. "Tirei de bom dar mais valor à vida e às coisas simples."

Ainda assim, os médicos admitem que, do ponto de vista clínico, não é possível dizer que ela está "curada". "O risco não é zero. Mas qualquer pessoa que atravessa a rua corre o risco de ser atropelada", disse o oncologista Paulo Hoff, membro da equipe que acompanha Dilma desde o início do tratamento.

Em geral, pacientes oncológicos são monitorados por cerca de cinco anos, pois as chances de reincidência da doença são maiores nesse período. Mas as condições podem variar no caso de tumores hematológicos como o de Dilma, explicam os médicos. De qualquer forma, ela terá de fazer um controle periódico, cujas condições serão determinadas pela hematologista Yana Novis.

Segundo Hoff, Dilma apresenta atualmente risco "um pouco maior" de voltar a desenvolver o câncer, em comparação a uma pessoa que jamais foi diagnosticada com a doença.

O linfoma detectado em abril no organismo de Dilma apareceu em uma tomografia de rotina feita no tórax da ministra. No início do tratamento, ela tentou manter a agenda carregada de viagens, mas logo sentiu os efeitos da quimioterapia. Desde que iniciou a radioterapia, em agosto, ela aumentou progressivamente o ritmo de compromissos na agenda.

PRÉ-CAMPANHA

Com o aval dos médicos, o PT já prepara uma exaustiva agenda de pré-campanha para Dilma, com atividades para preencher pelo menos três finais de semana por mês. O plano é aproximar a ministra de potenciais aliados nos Estados e melhorar sua relação com a militância e movimentos sociais.

"Ela agora vai cada vez mais se projetar, fora do horário de trabalho, para se consolidar como nossa candidata", disse o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP). Possível rival de Dilma na disputa do ano que vem, o governador José Serra (PSDB) também parabenizou a ministra. "Foi o que eu desejei desde o início", disse. "Dou meus parabéns aos médicos e a ela."

COLABOROU SILVIA AMORIM