Título: Número de transplantes cresce 81,25% no Ceará
Autor: Pompeu,Carmen
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2009, Vida&, p. A20

Aumento se deve à mobilização dos agentes e ao trabalho que vem sendo feito em escolas, unidades de saúde e meios de comunicação

O número de transplantes realizados com órgãos de doador morto no Estado do Ceará, no primeiro semestre deste ano, saltou de 72 para 117, em comparação com o mesmo período de 2008. O aumento - de 81,25% - foi o maior registrado no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. No País, o número de transplantes realizados com doador morto subiu 24,3%, passando de 1.688 para 2.099.

Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Régia Barbosa de Almeida, os bons resultados alcançados pelo Estado se devem à mobilização dos agentes e ao trabalho que vem sendo feito com associações de pacientes, escolas, unidades de saúde e meios de comunicação locais no sentido de incentivar as doações. "A central de captação também foi reestruturada. Antes tínhamos dois médicos. Hoje, contamos com nove", diz.

O médico João David de Souza, coordenador do Transplante Cardíaco do Hospital de Messejana, credita o aumento dos transplantes às campanhas de conscientização e à abordagem do assunto pelos veículos de comunicação. "Nossa dificuldade é identificar o doador nos hospitais de trauma", diz Souza. Segundo ele, ainda faltam pessoal para identificar o doador e equipamento para mantê-lo até a captação do órgão.

O Estado também realiza atividades de mobilização, como a Caminhada pela Doação, que ocorreu no domingo. A ação fez parte do lançamento da 11ª Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, promovida pelo Ministério da Saúde. Com o slogan "A vida é feita de conversas; basta uma para salvar vidas", o governo federal quer destacar a importância de comunicar à família a decisão de doar os órgãos.

Apesar do crescimento de transplantes no Ceará, a fila dos que aguardam um órgão continua grande, com 1.135 pessoas: 654 à espera de córnea, 10 de coração, 159 de fígado, 283 de rim e 29 de medula óssea. No Brasil, o número chega a 63,8 mil, contra 64,4 mil do ano passado, uma queda de apenas 1%. O aperfeiçoamento dos processos de gestão das centrais estaduais influenciou o resultado, pois as listas têm sido atualizadas e os pacientes, recadastrados.

O Brasil ainda apresenta um número pequeno de doadores por morte encefálica. Em 2008, a cada 1 milhão de brasileiros havia 7,2 doadores nessa situação. Na Argentina, a taxa é de 13,1, nos Estados Unidos, de 26,3, e na Espanha, de 34,2.

"Aumentar o número de doadores é o grande objetivo a ser perseguido para equacionar melhor as demandas por transplantes"", diz Rosana Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

EVOLUÇÃO

81,25% foi o aumento do número de transplantes feitos no Ceará com doador morto

1.135 pessoas, entretanto, ainda aguardam na fila por órgãos, no Estado

654 desses pacientes estão aguardando a doação de córnea; 283 esperam por um rim e 10, por um coração