Título: Fim da isenção do IPI provoca falta de carros
Autor: Pacheco,Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2009, Economia, p. B6

Modelos como o Strada, da Fiat, podem demorar até três meses para ser entregues; nesse caso, cliente perde o benefício do imposto reduzido

O movimento nos feirões das montadoras e nas lojas no fim de semana foi acima do previsto. O grande volume de negócios foi motivado por consumidores que quiseram aproveitar o último fim de semana com a isenção completa do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de carros novos. O benefício do IPI zero termina amanhã, segundo portaria publicada no Diário Oficial da União. Até dezembro o imposto sobe um pouco mês a mês, até voltar ao normal em janeiro.

A correria, em alguns casos, superou a previsão das montadoras e das concessionárias. Uma das consequências de vendas acima do previsto é que, dependendo do modelo escolhido, o consumidor corre o risco de não encontrá-lo para pronta entrega e a espera pode chegar a três meses. Se isso acontecer, o comprador perde os descontos do IPI.

Na rede de lojas do Grupo Amazonas, em São Paulo (com seis unidades da Fiat e duas da Volks), o fim de semana rendeu o fechamento de 375 contratos para a venda de modelos novos e 120 para usados. Atualmente há 180 carros novos da Fiat no pátio da Amazonas. "Quem demorar e dependendo do modelo que quiser pode não pegar o desconto do IPI por falta de produto", diz Richard Marques, gerente de vendas da empresa.

Na rede de concessionárias da Fiat o maior problema é com o modelo Strada cabine dupla, lançado recentemente pela montadora. A espera, segundo Marques, é de até 90 dias. Ou seja, quem comprar agora tem de cruzar os dedos para começar 2010 com um carro novo na garagem. Nesses casos, explica o gerente, o cliente dá um sinal de 10% do valor do veículo e o restante quando receber a chave. Mas quem comprar o modelo da Fiat provavelmente não verá a cor do desconto do IPI.

Nas lojas da Peugeot o fim de semana também foi de vendas acima da média, segundo o gerente nacional, Stephane Majka. Foram 530 veículos vendidos no feirão de São Paulo e 350 comercializados nas lojas da capital. Em todo o País a montadora francesa fechou 1.950 contratos nas 140 concessionárias. "Foi o dobro de um fim de semana normal e o melhor fim de semana do ano", afirma Majka. Nas concessionárias da Peugeot a espera por um modelo pode chegar a um mês. É o caso do 206, modelo básico. Para não perder a venda, a estratégia das lojas é oferecer os modelos mais com mais potência e mais acessórios.

Apesar da correria por um carro novo antes do fim da isenção do IPI, Majka não acredita que as concessionárias aproveitem para aumentar os ganhos e cortar os descontos. "O consumidor está bem informado e tem muitas formas de comparar preço. Foi-se o tempo em que se faturava um carro acima do preço da tabela", afirma.

Presidente da associação que representa as concessionárias da Chevrolet, Armando Boscardin diz que a rede, que conta com 565 pontos de venda no País, vendeu no fim de semana 8,5 mil unidades. Num período normal não se passa de 6 mil veículos comercializados. Assim como tem ocorrido com outras montadoras, os clientes da Chevrolet também correm o risco de perder a isenção de IPI por causa da falta de carros em estoque. O Classic, um dos modelos mais econômicos, pode levar até 15 dias para ser entregue ao comprador. "O pátio das nossas concessionárias têm carros para até 17 dias de vendas, mas o ideal seria ter um volume para 30 dias", conta Boscardin. O empresário também não acredita nas especulações com preço por causa da corrida às lojas. "Os preços são amplamente divulgados. Quem diminuir os descontos não vai vender", adverte.