Título: Para ministro, era obrigação participar de debate do pré-sal
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2009, Nacional, p. A10

Ele rejeita rótulo de superpoderoso e nega intenção de assumir função operacional na campanha de Dilma

O chefe da Secretaria de Comunicação Social, ministro Franklin Martins, rejeita o rótulo de superpoderoso e diz que teve uma atuação "normal" no jantar em que o presidente Lula e três governadores discutiram mudanças no projeto do pré-sal.

"É minha obrigação me interessar por um assunto crucial para o governo. O pré-sal é a questão mais importante que o governo tem pela frente. Claro que eu tinha de participar, e participei", diz o ministro. Ele não faz uma relação direta entre seu papel no governo e o fato de não ter ambições políticas nem militância partidária. Mas reconhece: "Talvez me dê uma certa liberdade de falar certas coisas. Não sou obrigado a agradar ninguém."

Franklin nega intenção de assumir função operacional na campanha de Dilma Rousseff. "Evidentemente vou conversar com a Dilma, mas não dá para fazer a comunicação do governo e da campanha dela. Como não dá para ser candidata e ministra. Em algum momento, tem que separar."

O ministro não gosta de dar entrevistas, porque não quer que suas opiniões sejam interpretadas como o pensamento do presidente. Porém, na tarde de sexta-feira, falou de suas atribuições e de outros temas relacionados ao governo.

Na última semana, durante a viagem de Lula aos Estados Unidos, Franklin e ele se falaram por telefone sobre a permanência do presidente deposto Manuel Zelaya na embaixada brasileira em Honduras. Na avaliação do ministro, Zelaya, logo depois de instalado na embaixada, poderia ter agido de maneira mais discreta. "Acho que, num momento de tensão, ele foi um pouco além. O próprio presidente Lula disse que poderia dar margem a uma reação", observou. "Não somos mediadores. Não temos nenhuma condescendência com o golpismo." "" As conversas matinais com o presidente, garante Franklin, "não duram mais que 15 minutos" e tratam de "três ou quatro assuntos". "Longe de mim dizer o que o presidente deve falar ou não", minimiza.

Candidato a deputado federal em 1982 pelo PMDB, ele conta que se arrependeu no meio da campanha. "Não sei pedir voto. Não sei responder a um eleitor que pede uma vaga no hospital. Político manda uma carta para o diretor do hospital."

Apesar da admiração pela colega, Franklin diz não ter intenção de trabalhar em um eventual governo Dilma. "É uma pessoa da minha geração e para mim é especialmente importante o fato de ser mulher. A ditadura fazia a desqualificação permanente das mulheres. Não a conheci na época, mas Dilma lutou aquela luta", elogia.