Título: Volta de hondurenho abre oportunidade de diálogo
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2009, Internacional, p. A14

Para Casaes, relações entre Brasil e EUA não se deterioraram por causa da presença de líder deposto na embaixada Ruy Casaes: Embaixador brasileiro na Organização dos Estados Americanos

Brasil e OEA impõem a restituição de Manuel Zelaya ao poder como condição para o fim da crise. Com o impasse se arrastando, não haveria outra solução para o caso?

A decisão da comunidade interamericana implica obrigatoriamente o retorno de Zelaya às suas funções. Sem isso, a ordem democrática não terá sido restaurada.

A declaração do embaixador dos EUA na OEA na segunda-feira, não indicou que Washington, além de insatisfeito com o retorno de Zelaya, também de certa forma desaprovou o fato de o Brasil tê-lo abrigado?

Muitos países consideraram o retorno de Zelaya uma oportunidade. Entenda-se, uma oportunidade para criar as condições para buscar uma solução. A própria secretária de Estado americana Hillary Clinton o disse. Não nos cabe fazer julgamento, entretanto, se o retorno do presidente foi uma decisão correta ou não. O que é certo, objetivamente falando, é que seu retorno criou um fato, que poderá precipitar uma saída para a crise. O que o representante americano na OEA disse, em realidade, foi que quem promoveu o retorno do presidente Zelaya será responsabilizado pelas consequências que esse ato poderá ter sobre a segurança da população hondurenha. Como o Brasil não promoveu o retorno de Manuel Zelaya, a intervenção do delegado americano não merece de nossa parte nenhuma reação.

O senhor afirmou ontem que a OEA caminha para um estado absoluto de irrelevância. Para o senhor, a entidade fracassou na mediação da crise?

Em realidade o que eu disse é que, se a Organização dos Estados Americanos não respondesse com firmeza à crise hondurenha, ela estaria fadada à irrelevância. Minha afirmação tinha a ver com uma certa acomodação de alguns países. Se a OEA não conseguir promover uma solução para a crise, mas se a tiver buscado com afinco, não se poderá dizer que ela fracassou.