Título: Homenagem vira ato de apoio à indicação de Toffoli
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2009, Nacional, p. A8

Nas Arcadas, advogado-geral é chamado de "ministro do STF"

José Antônio Dias Toffoli, advogado-geral da União, retornou ontem às Arcadas para receber homenagem da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, onde se formou e colou grau em 1991 - mas o evento ganhou indisfarçável conotação política e se transformou em ato público por sua indicação à cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Manifestaram apoio a Toffoli o deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara, e o ministro Eros Grau, do STF, que foi professor do advogado-geral. No auditório do prédio anexo ao da faculdade o laureado da noite foi cortejado pelos colegas que já o trataram de "ministro do STF".

Fustigado pela oposição no Congresso, que lhe cobra mestrado e doutorado e o acusa de não ser um notável do direito, Toffoli retribuiu afagos e reverências de Temer. "Queria registrar que o último presidente da República formado pelo Largo São Francisco não foi Jânio Quadros, foi Michel Temer, que já chegou lá, já esteve com a caneta de presidente."

O deputado, lisonjeado, de imediato sacou a caneta do bolso e assinou moção que a entidade dos ex-alunos está enviando ao Senado para pedir a aprovação do advogado-geral na sabatina. A carta da associação atribui a Toffoli distinções e feitos. "Destaca-se por sua conduta ética e dedicação aos estudos. Sempre honrou o grau de bacharel da USP, pessoa séria, vocacionada para as atividades da Justiça. Recomendamos aos senhores senadores que o aprovem. O Brasil ganhará."

Em ambiente festivo o ministro Flávio Bierrenbach, do Superior Tribunal Militar, até invocou o Águia de Haia para neutralizar aqueles que põem em dúvida a autonomia de Toffoli por suas relações muito estreitas com o PT e o presidente Lula. "Ruy Barbosa dizia que um ministro do Supremo não tem amigos e não tem inimigos. Eu me atrevo a dizer que um ministro de tribunal superior pode ter amigos e inimigos, mas não deve gratidão a ninguém. Ter tido militância política e ser filiado a partido não é obstáculo. Célio Borja, Paulo Brossard e outros tiveram militância político-partidária e quando chegaram ao STF agiram com independência. Toffoli saberá ter."

Ricardo de Castro Nascimento, presidente da Associação dos Juízes Federais em São Paulo, aconselhou o agraciado. "Esse período de provação que você está passando é muito importante porque é um verdadeiro exercício de humildade. É importante para quem está entrando na magistratura. Isso, Toffoli, você vai passar com transparência. Sabemos que você tem reputação ilibada e notório saber jurídico. Participou do jurídico do Centro Acadêmico XI de Agosto, foi caixa em pizzaria. Isso é importante na biografia de todos nós. Mantenha a temperança, a simpatia, a simplicidade. Juiz é gente, torce para time de futebol."

Ao receber placa que o qualifica como "cultor da Justiça e da liberdade, exemplo de dedicação ao serviço público, mestre do Direito, orgulho das Arcadas", Toffoli não se conteve. "Somos os defensores da liberdade. Defender a liberdade é defender a paz social, o Estado Democrático de Direito, a possibilidade dar acesso à Justiça."