Título: Rivais pressionam Sarney contra decisão eleitoreira
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2009, Nacional, p. A9

Petista e tucano são contra transferência de servidores para bases estaduais Adversários na maioria das votações, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e os líderes da oposição, José Agripino (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), se aliaram e pediram ontem que a direção da Casa cancele o que eles chamaram de "decisão eleitoreira", a autorização para que os 11 integrantes da Mesa Diretora e mais os 14 líderes dos partidos tenham direito a usar três funcionários comissionados nos escritórios políticos mantidos nos Estados que são as bases eleitorais dos senadores.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse no plenário que a autorização atendia a "todos os líderes". A nota divulgada ontem pela presidência da Casa, porém, comprova que o termo "todos" refere-se apenas a sete líderes. Um deles, o líder da minoria, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), anunciou que vai retirar sua assinatura. Colombo disse ter concordado com o deslocamento dos assessores a pedido do líder do PSB, senador Antonio Carlos Valadares (SE). "Eu não sabia direito do que se tratava, mas como ele disse que todos os líderes tinham concordado, eu não quis ser do contra". Da tribuna do plenário, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) também pediu que Sarney recue da decisão. Com ironia, ele disse que o "recall" dos líderes mostrou que Agripino, Virgílio e Mercadante não estavam entre "todos" que pediram a medida.

Na prática, a medida significa que alguns senadores - os líderes e os que compõem a Mesa Diretora - serão privilegiados, pois terão mais gente trabalhando em suas campanhas eleitorais.

Ontem, Valadares assumiu a paternidade da ideia e defendeu a medida que, na sua opinião, não está errada. "Se a maioria quiser recuar, não tem problema. Se é para atender a mídia, vamos atender a mídia", provocou. Ele disse que não consultou Agripino, Virgílio e Mercadante - representantes dos maiores partidos, depois do PMDB - sobre o pedido de cinco linhas, apresentado à Mesa num papel timbrado de seu gabinete.

Há 37 dias, a própria Mesa Diretora decidiu que somente os assessores dos gabinetes podem atuar nos escritórios políticos do Estado. Recuou - segundo a nota da presidência - porque esses assessores já estão nos Estados. Com exceção do PMDB, com 17 senadores e PDT, com 5 parlamentares, as demais cinco bancadas que tiveram o pedido atendido pela Mesa Diretora não deveriam nem mesmo ter líder.