Título: Moscou dá sinais de que pode endurecer com Teerã
Autor: AP; REUTERS ; AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2009, Internacional, p. A16

Presidente russo crê que Irã apresentará explicações convincentes em Genebra para evitar adoção de sanções

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, afirmou ontem ter certeza de que o Irã apresentará uma "prova convincente" das intenções pacíficas de seu programa nuclear durante a reunião do sexteto - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha -, na quinta-feira, em Genebra.

Apesar da manifestação de confiança, o líder russo também deu a entender que, caso as evidências não sejam apresentadas, ele será favorável à ampliação das sanções contra o governo de Mahmoud Ahmadinejad. "Se a cooperação não funcionar, então outros métodos deverão ser usados", disse ao ler um comunicado.

Medvedev evitou usar a palavra "sanções" e preferiu enfatizar termos como "incentivos" e "cooperação". "Temos de criar para o Irã condições confortáveis, de forma que, quando comece a cooperar, tenha início um programa de incentivos", afirmou.

A Rússia mantém fortes laços com o Irã e está construindo o reator da usina nuclear iraniana de Bushehr.

Mas, segundo o presidente russo, a situação iraniana e as revelações sobre a usina secreta de enriquecimento de urânio do Irã são "preocupações sérias".

Mesmo tendo demonstrado confiança no regime iraniano, as declarações de Medvedev foram interpretadas como um aumento da pressão sobre Teerã, pois indicaram que a Rússia pode se alinhar às potências ocidentais e aprovar sanções mais severas.

Até agora, Moscou e Pequim vinham impedindo o endurecimento das restrições contra o governo de Ahmadinejad, que já enfrenta três tipos de sanções por se recusar a congelar o enriquecimento de urânio.

APROXIMAÇÃO

Medvedev começou a demonstrar mais disposição a colaborar com as posições defendidas pelos Estados Unidos desde que o presidente Barack Obama anunciou no início do mês a suspensão do escudo antimísseis que seria instalado na Polônia e República Checa.

Também ontem, o presidente russo oficializou a informação de que vai retirar os mísseis instalados na base de Kaliningrado.