Título: Zelaya acusa polícia de atacar com gás tóxico
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2009, Internacional, p. A19

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, acusou militares e policiais de atacar a embaixada brasileira com gases tóxicos ontem. Considerada "totalmente falsa" pelo governo de facto, a acusação levou a um novo impasse entre os dois lados, horas depois de eles concordarem em dialogar.

A denúncia foi feita após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, na qual o chanceler brasileiro, Celso Amorim, acusou o governo de facto de descumprir a Convenção de Viena ao montar um cerco à embaixada brasileira.

Zelaya disse a jornalistas também isolados na embaixada que sentiu náuseas, irritação nos olhos, enjoo e dor de garganta por causa dos gases. Segundo o presidente deposto, outras pessoas sofreram sangramentos nasal e urinário, desmaios e dificuldades respiratórias. "Há 62 pessoas aqui, até mesmo funcionários brasileiros", afirmou Zelaya. "Que esperam com essas ações terroristas?"

Zelaya inicialmente disse que o gás seria o Césio 132, que é altamente venenoso, mas pouco depois se corrigiu. Ele citou, então, uma informação que lhe teria sido enviada pelo médico hondurenho Maurício Castellanos de que teriam sido detectadas na embaixada concentrações atípicas de amoníaco e ácido cianídrico.

Nas imagens transmitidas por uma TV local, assessores de Zelaya usavam máscaras. O próprio presidente tratou de dar provas dos ataques contra a embaixada, mostrando o lenço de um aliado manchado de sangue e fotos de soldados instalando perto da sede da representação brasileira aparelhos para bloquear o sinal de celular e alto-falantes para emitir sons de alta frequência que causam desequilíbrio em quem está por perto.

O governo de facto autorizou a entrada do ministro da Saúde de Zelaya, de seu médico particular e de um representante do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos.