Título: Fim do IPI reduzido aquece mercado
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2009, Economia, p. B18

Montadoras e lojas vão aproveitar o último fim de semana de isenção; setembro deverá bater recorde de vendas

Na reta final da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros populares, o consumidor deve aproveitar o fim de semana, quando as concessionárias e as montadoras vão intensificar o corpo a corpo com os potenciais clientes, para comprar um modelo novo. Presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider antecipa que deverá ser batido o recorde para o mês de setembro.

Desde a segunda quinzena de dezembro, as montadoras têm contado com a isenção do IPI para levantar as vendas. O benefício foi renovado duas vezes pelo governo - primeiro até 31 de março, depois até 30 de junho. Na última rodada de negociação entre governo e indústria ficou acordado que haveria uma volta progressiva do imposto. A partir da próxima quinta-feira, em vez da isenção completa para os modelos 1.0, passa a valer a cobrança de 1,5% (veja a tabela ao lado) de IPI.

Schneider não aposta na prorrogação do benefício da redução de IPI. Mas alguns outros representantes da indústria e do governo acreditam que uma queda brusca nas vendas em outubro poderia levar o Ministério do Desenvolvimento e da Fazenda a reavaliar a volta do benefício. A Fazenda não parece propensa a negociar, já que, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a desoneração custou aos cofres públicos no primeiro semestre R$ 559 milhões.

O próprio ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, deu pistas nesse sentido recentemente ao afirmar que vai "acompanhar todo o processo produtivo e agir conforme a necessidade". Pode contar a favor da indústria uma possível desaceleração nas vendas, o que ameaçaria o Produto Interno Bruto de 2009.

Apesar de as montadoras brasileiras ainda sentirem o baque da queda de, em média, 47% nas exportações, a recuperação das vendas no mercado interno levou à contratação de 1.300 trabalhadores entre julho e agosto. De dezembro de 2008 até agosto, as demissões chegaram a cerca de 8 mil.

Com as vendas turbinadas pelo IPI mais baixo, o resultado em 2009 deverá ser melhor que o de 2008. A Anfavea trabalha com a previsão de 3 milhões de veículos vendidos no País. Esse número foi revisto em agosto, quando a associação ainda previa fechar o ano com 2,8 milhões de automóveis licenciados.

Graças ao aumento das vendas em relação a 2008, quando foram licenciados 2,4 milhões de unidades, e ao cenário ruim em países como a Alemanha, o Brasil deve passar de sétimo para o quinto maior mercado de veículos do mundo.

Richard Marques, gerente de Vendas da loja da Avenida Sumaré do Grupo Amazonas, está animado com a reta final da promoção. Em fins de semana normais, a concessionária vende de 120 a 130 carros. Ele calcula que neste fim de semana chegará a 300 unidades. "Tivemos um feirão na semana passada e o consumidor, preocupado em não perder o desconto, levava o modelo na cor que estivesse disponível", conta.

Gerente de vendas da Da Vinci da Vila Prudente, Marcelo Ribeiro Dias espera que as montadoras deem algum tipo de desconto para que os consumidores não sintam o fim da isenção do IPI. "As montadoras devem ajudar a manter as atuais condições de venda", avalia.

Para o diretor de vendas da General Motors, Nilson Martinez, ainda é cedo para prever qual será o impacto da volta escalonada do IPI nas vendas. Ele afirma: "A partir de novembro teremos dois meses com injeção significativa de dinheiro na economia por causa do 13º salário. Isso deve equilibrar os número". COMENTÁRIOS