Título: Partido flertou com Jânio e comunistas
Autor: Duailibi, Julia ; Lacerda, Angela
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2009, Nacional, p. A4

Criado em 1947, proscrito durante a ditadura militar e refundado em 1985, o PSB que hoje abriga Ciro Gomes, Gabriel Chalita e Paulo Skaf já sofreu questionamentos pela trajetória sinuosa em relação ao socialismo que diz defender.

Fundado por intelectuais insatisfeitos com o dirigismo soviético, mas defensores da "socialização dos meios de produção" e da "eliminação de um regime econômico de exploração do homem pelo homem", o PSB, no início dos anos 50, logo se aproximou dos comunistas que criticava.

Como o PCB estava proscrito desde 1947, os socialistas cederam a legenda para que vários militantes notórios do chamado "Partidão" pudessem disputar eleições.

Paralelamente, líderes do PSB paulista se aproximavam de Jânio Quadros - então um "vereador progressista", segundo relato histórico no site do partido -, a quem apoiaram nas disputas pela Prefeitura de São Paulo, em 1953, e pelo governo do Estado, no ano seguinte. Em 1960, quando Jânio alçou seu voo mais alto, ao se candidatar à Presidência, os socialistas lhe viraram as costas e apoiaram o marechal Teixeira Lott.

Com a renúncia de Jânio, em 1961, o partido integrou o governo de João Goulart, até ter seus principais líderes presos e cassados com o golpe militar de 31 de março de 1964.

O PSB foi relançado, após a redemocratização, por alguns integrantes históricos da sigla, como o jurista Evandro Lins e Silva, e novos militantes, entre eles o então estudante Cláudio Besserman Vianna, que ganharia fama mais tarde como o humorista Bussunda.

Em 1990, o pernambucano Miguel Arraes aderiu ao partido e passou a comandar sua estrutura. Em 1997, o partido quase abrigou Ciro Gomes, então recém-rompido com o PSDB, mas a indecisão de Arraes em relação à candidatura do cearense à Presidência adiou seu ingresso na legenda por seis anos.