Título: Após cancelamento, Enem deve ser aplicado na 1ª quinzena de novembro
Autor: Formenti, Lígia ; Mendes,Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2009, Vida&, p. A17

A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi remarcada para a primeira quinzena de novembro, mas sem dia específico. O exame, que estava agendado para amanhã e domingo, foi cancelado na madrugada de ontem após a reportagem do Estado alertar o Ministério da Educação (MEC) para o vazamento das provas já impressas. Os técnicos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) comprovaram a quebra de sigilo.

A pedido do ministro Fernando Haddad (Educação), que conversou ontem de manhã com o colega da Justiça, Tarso Genro, a Polícia Federal abriu uma investigação para saber quem são os responsáveis pelo vazamento das provas e onde foi que, ao longo de todo o processo de confecção das perguntas do exame, de produção gráfica, impressão e logística de distribuição aconteceu a violação (mais informações na pág. A21). Ontem à noite, o ministro fez um pronunciamento em emissoras de TV. O MEC colocou na internet a íntegra da prova.

Haddad ordenou ao Inep que o instituto dê "prioridade máxima" à preparação da nova prova. A meta é tentar antecipar ao máximo a realização do exame e, segundo um assessor do ministro, realizar a prova nos dias 7 e 8 de novembro, logo depois do feriado de Finados. Desse jeito, o MEC tenta garantir que o Enem seja usado como exame seletivo para ingresso nas universidades. Em sua 12ª edição, a prova do Enem deste ano terá novo formato. Ela funciona também como vestibular unificado - 24 universidades federais aboliram os processos seletivos para adotar o exame, que será feito em 1.828 municípios. Dos 4,1 milhões de inscritos, o maior número de candidatos está concentrado em São Paulo - 234.173 alunos.

O VAZAMENTO

O Estado foi procurado na tarde de anteontem por um homem que, pelo telefone, disse ter cópias da provas que seriam aplicadas amanhã e domingo. O homem propôs vender a prova por R$ 500 mil - o Estado rejeitou a proposta, mas viu trechos do exame que depois foram confirmados pelo MEC como oficiais.

O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, disse que a nova versão da prova deverá ser desenvolvida por um sistema de segurança mais rígido do que a prova cancelada. "Não há como esperarmos o fim das investigações para iniciar preparativos para novo exame. Temos de fazer a prova e vamos colocar todos os elementos de segurança disponíveis em alerta máximo", disse.

O Inep tem um banco com cerca de 2 mil questões que podem ser usadas em novas versões da prova. Mas, mesmo com esse banco, é preciso um tempo para a seleção, montagem e impressão da nova versão. Haddad estima que, mesmo com um mês de atraso na realização do exame, será possível divulgar os resultados em uma data próxima da que havia sido estabelecida antes do vazamento. O ministro também afirmou que o Inep deverá fazer uma avaliação preliminar para analisar as lacunas de segurança. Para ele, a medida pode afastar eventuais questionamentos sobre a inviolabilidade da versão da prova que agora começa a ser preparada. Não está definido quem vai arcar com o custo da nova impressão, estimado em R$ 30 milhões.