Título: AIEA agenda inspeção de usina secreta do Irã
Autor: Reuters; AP
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2009, Internacional, p. A13

Em Teerã, ElBaradei diz que inspetores da ONU farão primeira visita à instalação nuclear de Qom no dia 25

Em visita a Teerã ontem, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, marcou para o dia 25 as primeiras inspeções da usina nuclear clandestina da cidade de Qom. Construída secretamente, a instalação foi revelada por EUA, França e Grã-Bretanha na reunião do G-20 em Pittsburgh, há duas semanas.

"Vejo que estamos em um momento crucial. Estamos indo de uma posição de confronto para uma de cooperação e transparência", afirmou ElBaradei. Sua viagem havia sido marcada logo após negociadores do Irã e do sexteto - integrado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha - se encontrarem em Genebra, na quinta-feira.

Mas o chefe da AIEA manteve o tom cauteloso. Embora não existam "provas concretas" de que o Irã esteja em busca de uma bomba nuclear, disse ElBaradei, sua agência de inspeção continua a se "preocupar com as intenções futuras" do regime dos aiatolás.

Discretamente, americanos também se mostraram satisfeitos com a abertura do Irã a novas inspeções. Em entrevista à CNN ontem, Jim Jones, assessor de Segurança Nacional dos EUA, admitiu que "o fato de os iranianos terem vindo à mesa de negociações, aparentemente demonstrando alguma cooperação, é algo positivo".

Jones tentou desmentir um suposto relatório da AIEA, revelado no sábado pelo New York Times, que atesta que o Irã já possui "informações suficientes" para construir uma bomba nuclear. A informação contradiria a estimativa dos EUA, que acreditam que o Irã suspendeu a busca pela bomba ainda em 2003.

OPOSITORES

Ainda ontem, a agência estatal de notícias iraniana Irna revelou que o governo iraniano libertará nos próximos dias cerca de 20 importantes figuras da oposição. Os líderes haviam sido detidos em junho, quando milhões de iranianos foram às ruas contra a suposta fraude eleitoral que garantiu um segundo mandato ao presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Entre as pessoas que serão libertadas estão ex-funcionários do governo, figuras da ala reformista e o acadêmico americano Kian Tajbakhsh.