Título: Dono da Valisère vira petista de carteirinha
Autor: Oliveira, Clarissa ; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Nacional, p. A4

Em 2002, foi pioneiro no apoio a Lula Na mesma semana em que o PSB anunciou a entrada do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, em suas fileiras, o PT demonstrou que não ficará atrás na hora de exibir empresários ricos e famosos no seu quadro de filiados. Pelas mãos da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, ingressaram ontem no partido o empresário Ivo Rosset e a psicanalista e socialite Eleonora Rosset (ex-Mendes Caldeira).

Dono da marca Valisère - que produz 1,5 milhão de peças de lingerie por mês -, Ivo garantiu que não tem pretensões eleitorais. Disse querer apenas "oficializar" sua posição. Mas, no ato organizado para a filiação, ficou claro que, se mudar de ideia, o slogan da campanha não será problema. "O primeiro apoio a gente nunca esquece", disse Ivo, ao encerrar seu primeiro discurso como petista, no qual lembrou o aval dado ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e, já como presidente, na reeleição de 2006.

A frase remete a uma campanha publicitária idealizada pela W/Brasil para a Valisère, que embalou a adolescência das meninas na década de 80. "O primeiro Valisère, a gente nunca esquece", dizia o filme. Antes mesmo do início do ato, o ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP) inaugurou a série de declarações nostálgicas. "Vou dizer a eles que o primeiro partido a gente nunca esquece", brincou. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que Ivo se tornou conhecido graças ao slogan: "Havia naquele anúncio uma criatividade e beleza muito especiais."

Ivo Rosset foi um dos primeiros empresários a apoiarem publicamente Lula. Marta recebeu os dois num jantar organizado em sua casa, em 2002, para aproximar o então candidato do empresariado. "Fiquei encantado", lembrou Ivo.

Eleonora, por sua vez, é descrita por petistas como uma "militante informal". A psicanalista disse ter ouvido dos avós que política não é "coisa de gente séria". Ainda assim, optou pela filiação. "Não é só o Celso Amorim que queria ser petista de carteirinha", emendou, citando o ministro de Relações Exteriores, outro recém-filiado ao PT.

De carona no discurso da amiga, Marta afirmou que a filiação quebra o preconceito dos ricos contra a classe política. "Não existia muito essa aceitação, em parte da sociedade mais burguesa, de participar de política", afirmou a ex-ministra, presença certa nas rodas da alta sociedade. COMENTÁRIOS Comente tambémTodos os comentários