Título: Ciro muda título para SP, mas diz querer Planalto
Autor: Duailibi, Julia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Nacional, p. A6

Segundo ele, disputar Presidência requer 'intimidade' com o Estado, o que avalia obter em 'três meses'

A resistência do deputado Ciro Gomes (CE) de concorrer ao governo paulista levou o PSB a traçar estratégia para diminuir a relutância do PT a nomes alternativos ao do parlamentar na corrida estadual de 2010. O objetivo é amarrar, o quanto antes, apoios do PDT e do PC do B, de modo que a legenda fortaleça a aliança em torno da candidatura própria na eleição de 2010.

Ciro transferiu ontem o seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo, mas voltou a entoar o discurso de que quer ser candidato ao Planalto. Defendeu o nome do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, recém-filiado ao PSB, como alternativa em São Paulo. O empresário, no entanto, é visto com restrições pelo PT. Os dois partidos tentam amarrar aliança no Estado, sob a chancela do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer Ciro candidato a governador.

Durante a mudança do domicílio, num cartório na zona oeste da capital, o parlamentar disse que em "três meses" terá intimidade com São Paulo. "São Paulo é o maior Estado brasileiro e para ser candidato a presidente tem que ter uma intimidade com a expressão que tem na economia, na cultura, no movimento acadêmico e no dos trabalhadores", disse. "Consigo isso em três meses", completou. Ontem Ciro passou poucas horas na capital. Chegou de Fortaleza no começo da tarde, mas voltou ao Ceará horas depois. O parlamentar, que disse estar "entusiasmado" com a mudança, afirmou que precisava explicá-la aos eleitores cearenses.

O presidente do PSB estadual, Márcio França, classificou a mudança de domicílio como o movimento político mais importante do ano. "Esse ato sinalizou o entendimento com o PT e abriu três perspectivas imediatas", disse. O partido pode lançar Ciro à Presidência, o que vai contra a vontade de Lula, ao governo de São Paulo, o que vai contra a vontade do próprio Ciro, ou ainda à vice-presidência, numa aliança com a candidata do PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A vice é bem vista pela maioria, mas é a alternativa menos provável, uma vez que o PT quer uma aliança nacional com o PMDB.

O PSB avalia que a exposição que Ciro ganhou em São Paulo, com a discussão em torno da mudança do domicílio eleitoral, ajudou a turbinar a intenção de voto no pré-candidato nas pesquisas recentes. O bom posicionamento do deputado fortaleceu a legenda nas negociações.

PAULISTA

Ciro, que vive entre Rio, São Paulo, Brasília e Fortaleza, foi questionado sobre "temas paulistas" - ele nasceu em Pindamonhangaba, interior do Estado. Disse que críticas que fez no passado a São Paulo referiam-se ao "poder concentrado" que ocorre também outros lugares do País. E falou que a região entre São Paulo, Minas e Rio é o local que mais gosta no Estado. Citou a cidade de Visconde de Mauá e Maromba, no Rio de Janeiro, e Campos de Jordão, em São Paulo. COMENTÁRIOS