Título: TJ manda prender dois líderes sem-terra ligados ao PSOL
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Nacional, p. A16

Eles são acusados de roubo durante processo de desapropriação em MG

A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) confirmou ontem a condenação de dirigentes do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), que também integram o diretório mineiro do PSOL, por crimes ao longo do processo de desapropriação da Fazenda Tangará, em Uberlândia, no final dos anos 1990.

No julgamento da apelação penal, o TJ condenou, no dia 22, João Batista da Fonseca, presidente do PSOL-MG, e Vanduiz Evaristo Cabral, da Executiva Estadual, a cinco anos e seis meses de prisão.

Eles foram denunciados pelo Ministério Público Estadual, em 2001, por roubo e crimes contra o patrimônio, com agravante de a violência ou ameaça ser exercida com emprego de arma e concurso de duas ou mais pessoas.

Pertencente à Companhia de Integração Florestal (CIF), a fazenda foi invadida pela primeira vez em 1999, por 700 famílias do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). Após o despejo, a área de 5.090 hectares foi reocupada em 2000, dando início a intenso conflito, que envolveu autoridades judiciárias e o governo estadual, na época chefiado por Itamar Franco.

Os atuais dirigentes do MTL deixaram o MLST e fundaram o movimento dissidente em 2001. Ao Estado, o líder sem-terra e presidente do PSOL-MG negou as acusações e disse que os advogados do movimento aguardam a publicação do acórdão, prevista para segunda-feira, para entrar com um novo recurso no TJ.

"É uma condenação política, mais um ato de criminalização dos movimentos sociais para barrar, frear a reforma agrária", afirmou. "Não foi nada roubado, furtado. Eu estava envolvido num conflito social."

O MTL informou que, em outro processo, julgado em primeira instância, João Batista e outros coordenadores do movimento - Dim Cabral e Marilda Ribeiro - foram também condenados por extorsão, incitação ao crime e formação de quadrilha.