Título: Eletrobrás vai capitalizar suas subsidiárias
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2009, Economia, p. B15

Objetivo é reduzir a dívida das empresas com a holding

A Eletrobrás prepara a capitalização de suas subsidiárias, tanto no setor de geração quanto de distribuição de energia. O objetivo é reduzir a dívida das empresas com a holding, garantindo em troca maiores dividendos no futuro. Segundo o presidente da estatal, José Antônio Muniz, as operações serão contábeis, sem envolver emissão de ações no mercado. O executivo informou ainda que a empresa planeja investimentos na Guiana.

"A dívida (das subsidiárias com a Eletrobrás) tem sido rolada diversas vezes e provocado prejuízos para as empresas, que têm alto custo financeiro", disse Muniz, em entrevista após participar de evento sobre a retomada das obras de Angra 3. De acordo com ele, na prática, a operação prevê a troca da dívida das empresas por capital, garantindo maior participação da holding nos dividendos futuros.

Muniz não soube informar qual o tamanho da dívida das controladas da Eletrobrás - entre elas Furnas, Chesf, Eletrosul e distribuidoras das Regiões Norte e Nordeste. Concluiu apenas que é preciso "sanear" as companhias, para melhorar as demonstrações contábeis de todo o grupo. Desde que assumiu o cargo, o executivo diz que uma de suas missões é transformar a Eletrobrás na "Petrobrás do setor elétrico", conforme determinado pelo governo.

Segundo ele, porém, há grandes diferenças na história das duas empresas. "A Petrobrás foi criada e depois montou subsidiárias. A Eletrobrás absorveu as empresas, que já existiam", apontou. "É difícil integrar empresas com culturas tão diferentes." Muniz já presidiu a Chesf e a Eletronorte e disse que muitas das decisões tomadas na época não levavam em conta o que é melhor para o grupo.

Agora, a empresa trabalha para melhorar sua imagem no mercado financeiro. Para o executivo, o valor de mercado da companhia (R$ 31,7 bilhões em 30 de agosto) não condiz com o porte de suas operações. "Somos a décima maior empresa de energia em valor de ativos", comparou, informando que há conversas com o Tesouro e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para buscar alternativas para melhorar a governança corporativa da companhia.

A internacionalização das atividades também faz parte desse esforço, informou Muniz, embora também sofra influência da política externa do governo Lula. Esta semana, o executivo acompanhou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, à Guiana, onde a Eletrobrás estuda construir usinas hidrelétricas. Segundo Lobão, o objetivo do trabalho é estreitar a integração entre os países do continente.

Ainda não há detalhes sobre o investimento, mas parte da energia deve ser importada pelo Brasil. Atualmente, a empresa avalia projetos hidrelétricos no Peru, na Bolívia e na Argentina. Fora do continente, há interesse nos Estados Unidos e na África.